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A IGREJA DE SEMPRE NOS TEMPOS ATUAIS


A IGREJA DE SEMPRE NOS TEMPOS ATUAIS

Imaginemos a linguagem de jesus “Mesmo sendo o Cristo, que é a verdade em pessoa, se tivesse de falar diante de uma assembleia, como um Concílio, por exemplo, não usaria a mesma linguagem que usava para conversar com um amigo íntimo. Como também, se fossem confrontadas muitas de suas frases, poder-se-ia facilmente acusá-lo de entrar em contradição consigo mesmo ou de estar mentindo. De fato, por uma dessas leis naturais que o próprio Deus respeita, pois que as quis desde toda a eternidade, existem duas linguagens totalmente distintas entre si, embora compostas pelas mesmas palavras: a linguagem coletiva e a linguagem individual. O Consolador, o Espirito da Verdade, enviado para nós por Cristo, vale-se, de acordo com a ocasião, como de uma como de outra linguagem e por necessidade natural não existe concordância entre ambas. Quando autênticos amigos de Deus como, segundo penso, o Mestre Eckhart repetem palavras que haviam ouvido no mais profundo silêncio, durante a união de amor, se elas não estiverem em concordância com o ensinamento da Igreja, isso significa, apenas, que a linguagem da praça pública não é a mesma que se usa no quarto nupcial”.

Será preciso comprovar se a contradição entre os dois modos de falar é realmente inevitável. O certo é que, ao se iniciar uma definição eclesiológica ou um tratado sobre a igreja, depois de se haver refletido, como teólogos, ou líderes da igreja, sendo sacerdotes ou leigos, sobre o mistério do Pai, de suas relações com o Filho e com o Espirito Santo, sobre a comunhão do homem com a Trindade divina, sobre o mistério da eleição e da graça, do nascimento de um homem novo na fé, na esperança e na caridade, passar a refletir sobre a Igreja significa sair do quarto nupcial para o colocar em praça pública.

A cultura teológica da segunda metade do século XX presenciou o declínio, para não dizer o estrondoso desmoronar da tentativa de se estabelecer uma eclesiologia quase que exclusivamente interessada na legitimação das estruturas eclesiais, é sombra de uma dedução da igreja como societas e societas perfecta, em oposição a todas as Confissões cristãs que não se incluem na igreja católica romana e também em conflito com o Estado leigo e não confessional. O que veio substituir essa antiga colocação? Um feliz retorno às Escrituras Sagradas, aos Padres, a história. Muitas vezes, porém, com a intenção de contemplar o mistério que a igreja traz dentro de si e com o desejo de propiciar o renascimento do sentimento religioso da igreja e de sua vitalidade pastoral, tudo isso aconteceu com mal disfarçada desconfiança para com as formas do grupamento eclesial e para com as estruturas da instituição eclesiástica. Por mais que o trabalho dos teólogos seja válido para o desenvolvimento concreto da vida da igreja, a eclesiologia das últimas décadas favoreceu, concretamente, por seu silêncio a respeito das questões estruturais, a impostação de um novo ordenamento canônico que, não obstante a boa vontade de muitos canonistas, assimilou muito pouco da imensa energia renovadora do Concilio Vaticano II. Por outro lado, sua tendência contemplativa

e pastoral, acompanhada de certa idiossincrasia pela consideração das estruturas eclesiásticas, contribuiu para com o enfraquecimento

do sentido da igreja institucional, isto é, da igreja do povo presente em “praça pública”, com suas formas institucionais e, muitas vezes sem o querer, favoreceu adesões rapsódicas, concentrações de forte apelo estético, fragmentação em comunidades paralelas; tudo isso ao embalo de uma cultura que parece se comprazer somente com a espontaneidade e com a improvisação, e em exaltar o efémero e a fragmentação. Também disso resultaram novos fenômenos de adesões, imponentes por seu número e sua extensão geográfica, muitas vezes internamente muito estruturadas e, de fato, mesmo que não por uma vontade deliberada, desestruturantes no que diz respeito às instituições de base da igreja institucional.

A respeito desse momento de uma eclesiologia alérgica aos problemas da organização jurídica da igreja, Louis Bouyer havia escrito palavras bastante severas: “Uma igreja que repudiasse o direito correria o risco de ser não a igreja da caridade, mas a igreja do arbítrio… Entre os protestantes, que foram os primeiros a se levantarem contra o jurisdicismo da igreja, vemos o renascimento do estudo do direito… Pensar que podemos, hoje, na igreja católica, construir uma eclesiologia de orientação ecumênica, sem enfrentar semelhante problemática, é uma quimera que pode ser qualificada como catastrófica”. Por isso é compreensível que, recentemente, tenha sido percebida a necessidade de se retornar ao problema crucial da eclesiologia, que não consiste na escolha entre a contemplação do mistério e a tarefa da legitimação da instituição, mas na necessidade fundamental de compreender, por meio da busca de uma autêntica intelligentia fidei, o porquê e o como é que, do dom inefável da comunhão, que atinge os homens no coração, surge uma instituição, e uma instituição tão complexa e grandiosa tal como a instituição eclesiástica. É preciso procurar compreender como semelhante instituição possa e deva fazer-se dirigir, sustentar-se e renovar-se sempre a partir da consciência da fé; Como ela (a Igreja) possui sentido e tem motivo para existir em meio às vicissitudes humanas apenas como expressão e instrumento de um dom divino, destinado à unidade e a paz de todo o gênero humano.

Para esse empreendimento não basta fazer acuradas análises dos textos bíblicos, dos testemunhos patrísticos e dos documentos do magistério. Como também não seria suficiente encarar cada um dos problemas debatidos em eclesiologia e estudá-los, um a um, como se bastasse, para se fazer um tratado, reunir e publicar em um único volume estudos monográficos sobre temas diversos. Igualmente, não é correto fazer-se, a priori, a escolha de uma ideia ou de uma visualização que pareça ao autor ser a mais apropriada para representar um ideal de Igreja a que se tenha na cabeça, e deixar-se guiar por ele no decorrer de toda a reflexão.

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Pelo contrário, é preciso esforçar-se por buscar uma argumentação que parta dos fatos, porque a Igreja é um fato. Essa igreja que hoje existe, é o objeto de um vários tratados de eclesiologia. A função do teólogo é a de argumentar, não tanto (embora essa não seja uma tarefa que deva ser excluída a priori) para justificar apologeticamente a existência da Igreja e as formas sob as quais hoje ela se apresenta, quanto para compreender. E, para ser compreendido, é preciso que seja colocado o fato da Igreja, de um lado no conjunto dos fatos dos agrupamentos sociais e, de outro, no desígnio da revelação divina e do mistério da comunhão, no qual a autoconsciência da fé eclesial (sendo que também ela faz parte do fato) tem sua verdadeira origem e sua mais profunda consistência. Dessa maneira o compreender do teólogo, que é próprio de uma consciência de fé, relaciona-se com toda busca de compreensão que também o sociólogo, o estudioso das religiões procura obter, a partir de seu ponto de vista, da própria realidade.

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Para sermos coerentes com esses postulados precisamos fazer uma análise do quadro sociológico no qual a Igreja, como fato histórico e social, encontra-se inserida. Temos que compreender os aspectos mais simples do grupo cristão, confrontando-o com as formas de agregação próprias de outras religiões, conscientizando-nos dos modos como ele se articula em várias e diversas formas, tanto devido a riqueza de pontos de vista e das categorias sob as quais pode ser entendido, quanto por causa das divergências na profissão da fé que se fizeram presentes ao longo da história, provocando divisões no corpo do cristianismo. E a partir dessa análise voltaremos nossa atenção para as origens do cristianismo, para descobrir como e com quais formas as primeiras gerações dos discípulos de Jesus tomaram consciência de serem a Igreja de Cristo. Por diversas vezes, expus a História da Igreja no contexto histórico, de certo isso foi mais guiado pela curiosidade de Históriador, mas vamos tentar criar uma atmosfera que leve a um interesse teológico fundamental, que é o de pretender captar no acontecimento original a própria revelação de Deus a respeito da igreja.

MISSÃO DA IGREJA:

Esse desejo de realizar esse estudo nasce da nescessidade de compreender o que e onde está a Igreja hoje.

Vemos um catolicismo conservador que principalmente em redes sociais faz um apostolado incapaz de ver qualquer benefício do Concílio Vaticano II.

Esse tipo de apologética agressiva não produz frutos, estamos deixando que espinhos nasçam e cresçam entre nós, certamente pela falta de sacralidade na vida de muitos dos nossos pastores. Precisamos resolver as controvérsias com os protestantes e ortodoxos, que sempre tem uma recepção ofensiva, como a de “hereges”

Temos a Questão política, a Igreja nunca teve pretensão na política, mas sempre foi protagonista nas questões da desigualdade social e da corrupção.

Dentro do diálogo intra-eclesial, temos os progressistas da TL, que vamos abordar essa questão de como entender a TL em seu início, e porque dela ter sido importante em um momento, mas que tomou rumos que não são legítimos da sua raiz, e os tradicionalistas, o movimento da RCC ou carismáticos, que em certas ocasiões são tratados de forma totalmente anti-pastoral, anti-cristãs, por vezes desrespeitosa.

Por esses motivos será preciso tentar compreender de quais acontecimentos nasce a igreja, para compreender com mais clareza a quais dinâmicas deverá se referir sua ação na história. Neste ponto poderemos dirigir nossa

atenção aos caracteres fundamentais que distinguem os sujeitos da vida eclesial, no relacionamento que cada um deles mantém com o “nós” do sujeito coletivo que todos formam dentro do conjunto. Apresentaremos, a respeito disso, as clássicas quatro notas da igreja que fazem parte da formula do símbolo da fé, mas estenderemos a reflexão sobre outros aspectos essenciais do corpo cristão vivo, como o de seu caráter carismático, de seu caráter sacerdotal, de sua indefectibilidade, e o de sua infalibilidade.

E no decorrer dos artigos, será preciso voltar ao tema da missão da igreja, para compreender como ela se realiza por meio dos inumeráveis e diversos ministérios que os cristãos exercem com sua presença no mundo, detendo-nos, principalmente, naqueles que são determinados por sua específica raiz sacramental. O último capítulo de nosso tratado se ligará, de alguma maneira, ao primeiro: a riqueza interior do mistério de comunhão que dá vida a existência eclesial, pois, concretizando-se de forma empírica na congregação eclesial, produz diversas e específicas instituições, das quais procuraremos estabelecer os valores fundamentais, a serviço dos quais devem estar.

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