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A IGREJA E O PAGANISMO DO IMPÉRIO ROMANO

• A IGREJA E O PAGANISMO DO IMPÉRIO ROMANO

• Vamos iniciar esse estudo para desmascarar algumas acusações dos anticatólicos, que tem o péssimo costume de falar o que somente lhes é conveniente, existe uma ignorância endêmica em relação a história da Igreja por parte dos Protestantes, na verdade em história geral, mas nosso foco será à questão sobre os períodos de paz e a acusação de que a Igreja só encontrou essa paz em acordos com Constantino, vou falar do período dos antoninos, dando ênfase por Septímio Severo e alguns herdeiros, esse período em que Septímio Severo reinou foi bastante violento, fez uma perseguição mais vasta e mais organizada que todas as anteriores, antes mesmo de Septímio Severo houve alternância de bons momentos para a Igreja, perseguições, mas não foi verdadeiramente geral e sistemática, mas no governo inicial de Septímio Severo não se revestiu ainda o caráter de uma luta de morte contra todos os cristãos. Vai transcorrer meio século ou um pouco menos antes que o império se lance no caminho de uma repressão sem piedade, meio século durante o qual a decisão vai se alternar com a Clemência e se notará bem a incerteza em que as autoridades romanas experimentavam quanto a atitude a tomar para com a igreja.

• Com septímio Severo houve uma nova política anticristã, Logo no início dos anos 200, havia pelo menos 15 anos que, no seu conjunto, as comunidades cristãs viviam Praticamente em paz. O estado por quase toda parte fechavam os olhos, O Último dos antoninos Comodo filho de Marco Aurélio, aquele de quem se disse que era mais impuro do que Nero e mais feroz do que Domiciano, mostrou-se extremamente indulgente aos cristãos. Influenciado pela sua favorita Márcia, que tinha convicções cristãs, e Por alguns fala funcionários do palácio que eram adeptos da nova doutrina, chegara ao ponto de anistiar os cristãos condenados a trabalhos forçados. Nenhum dos seus sucessores tivera tempo ou vontade de empreender qualquer luta se era contra o cristianismo. E assim, aproveitando o período de paz, a igreja pôde tratar as suas feridas e desenvolver as suas forças: o seu trabalho de difusão da doutrina social pleno efeito.

• No início os trabalhos de Septímio Severo foram bastante calmos. Temos relados de que que houve, de tempos a tempos, um ou outro desses movimentos esporádicos de violência e o fanatismo ou a inveja popular desencadeavam e aos quais conforme o espírito de Trajano as autoridades deviam dar seguimento. Houve cristãos que foram denunciados, aos juízes, condenados e mortos. Mas isso não foi obra direta do Imperador. Ao contrário, contava-se que, quando um dia a população de Roma se insurgiu contra os cristãos de categoria senatorial, foi o próprio príncipe quem os protegeu. De resto, o marido da asiática Júlia Domma sentia-se moralmente inclinado a respeitar as crenças orientais, e o ambicioso africano que se apossara da romanidade tinha os mesmos adversários que os cristãos — esses “velhos romanos” paralisados pelas tradições, hostis a todos os pensamentos novos e a todos os homens novos. A sua clemência era perfeitamente compreensível; no entanto, terminou subitamente por volta do ano 200. Por que?

• A sua deliberação deve ter sido promulgada entre os anos 200 e 202. Não lhe conhecemos o texto, mas o sentido é claro, pelas alusões que fazem os seus biógrafos. Não revestir a forma de um decreto sistemático, de um edito Geral de proscrição, como mais tarde o farão Décio, Valério e Diocleciano; foi possivelmente um simples reescrito, como o anterior de Trajano, ordenando foi emitida por ocasião de algum incidente administrativo ou de alguma perturbação da ordem pública, como a que acabavam de provocar na Palestina os judeus e os samaritanos, inimigos irreconciliáveis. “Proibiu sob pena grave que alguém se fizesse judeu — escreve o seu biógrafo — e tomou a mesma decisão quanto aos cristãos”. Com esta frase fica bem concisa, ficava definida uma política inteiramente nova. E novamente a igreja passaria por um período turbulento, período que nos daria grandes Mártires, Víbia Perpétua é uma delas.

• O cristianismo do século III não é nem menos puro Nem Menos vibrante que o das décadas anteriores. Nota-se nele o mesmo impulso para o único amor. É ele que impele Clemente, Orígines, Hipólito e tantos outros ao conhecimento mais profundo das coisas de Deus. É ele que se manifesta na fé popular.

• É do século III que nos vêm algumas das orações mais populares do cristianismo, Como por exemplo o Gloria que, nascidos sem dúvida no Oriente e transposto para o latim, dizia na sua forma primitiva pouco mais ou menos o que se diz hoje. É ainda deste século que data o cântico da tarde que a igreja grega ainda hoje repete, o phos hilaron: “chegados a esta hora em que o sol se põe e em que aparece o Astro noturno, nós te cantamos, ó Jesus Cristo, Alegre luz da glória Imortal do pai! Porque em todo tempo vós sois os únicos documentos, ó pai, ó filho, ó Espírito Santo, diferentes cantados por vozes santificados. Ó filho de Deus, Já estou aqui nos dar a vida e é por isso que o mundo te glorificou”.

• As inscrições desta época estão repletas de provas de uma fé que a morte não podia anular. Paira uma imensa Esperança sobre os mais humildes sarcófagos, em que palavras muito simples afirmam uma confiança absoluta: “em paz” ou “dorme em Deus”. Em Autun, a célebre inscrição chamada de Pectório, exprime sentimentos parecidos, através de um simbolismo florido: “Ó raça divina Ichthys celeste (termo grego para que significa peixe, é uma espécie de acróstico imaginado para designar secretamente Jesus Cristo, filho de Deus, salvador, as iniciais destas cinco palavras formam em grego a palavra Ichthys). Recebe com um coração cheio de compulsão, entre os mortais, a imortalidade. Rejuvenesce a tua alma nas águas divinas, nas ondas eternas da sabedoria, porque ela dá as verdadeiras riquezas. Recebe do Salvador dos Santos o alimento doce como Mel. Satisfaz a tua fome! Sacia a tua sede! Tu tens o Ichthys na palma das tuas mãos”.

• Passou o tempo em que o cristianismo se apresentava como uma miserável seita de inocentes fanáticos que, por um simples Capricho, se podia enviar à Arena para divertir os espectadores dos circos. Há muitos indícios de que a igreja é agora levada em consideração. São numerosos os imperadores que manifestam viva curiosidade pela Nova doutrina, e mesmo que Alexandre severo não pensasse em levantar um tempo a Cristo, como afirmou o seu biógrafo, muitos dos seus atos provam que conhecia bem os cristãos e os acompanhava com atenção, como sucedeu a proposta a disputa entre a comunidade Romana e a Corporação dos donos de italianas que ele favoreceu aos cristãos. Este mesmo Imperador se correspondia-se com Júlio africano, Doutor cristão da Palestina, e sua mãe Julia Maméia, amiga de Orígines, mereceu que Hipólito lhe dedicasse um tratado sobre a ressurreição! Filipe, o Árabe, “o muito doce Imperador Felipe” como chama são Dionísio de Alexandria autoriza oficialmente o Papa Fabiano a transladar da Sardenha o corpo do seu antecessor Ponciano Aureliano, ao intervir na questão que o Cunha os católicos de Antioquia ao herege Paulo de samosata, revela-se perfeitamente a Par dos princípios do cristianismo.

• Quanto mais os anos passam, mas se multiplicam os contatos entre a sociedade romana e a sociedade Cristã. Durante os longos períodos de tréguas em que a Perseguição se detém, o grande público sente-se tranquilo com as disposições das autoridades sobre o cristianismo e verifica-se muitas aproximações. Trava-se um conhecimento mais profundo entre as duas barricadas e perdem crédito as velhas fábulas estúpidas do anticristianismo.

• O desenvolvimento destas relações provoca consequências de duas naturezas: um fenômeno incessante de ação e de reação. É, afinal, uma lei constante da história; uma doutrina revolucionária, ao penetrar numa sociedade, obriga-a a deixar-se moldar mais ou menos por ela, a tal ponto que acaba por empapá-la completamente. Sabe-se bem o papel que o socialismo desempenha há mais de um século na sociedade burguesa capitalista, obrigando-a cada vez mais a submeter-se aos seus princípios. Mas, por outro lado, à medida que progride, uma doutrina revolucionária embora a sua ponta, tende a tomar em conta mais os fatos do que os princípios, procura anexar em proveito próprio numerosos elementos da ordem que se propunha suplantar.

• Estamos analisando também os traços em qual foi a influência do mundo Romano sobre o cristianismo. Essa influência não foi sempre benéfica e, em certos casos, constituiu uma verdadeira contaminação, pois, misturando-se excessivamente com a sociedade pagã, os Cristão chegaram a esquecer o reino dos céus e perderam de vista as suas finalidades essenciais. No entanto, no plano da organização, preparando os quadros das dioceses de baseados na experiência ancestral dos excelentes administradores que eram os romanos, essa influência foi muito feliz. Mesmo no plano religioso você pode observar as consequências desse contato, embora não se trate aqui de influência, é preciso notar a tendência da igreja — já visível e que será acentuando — para cristianizar os ritos e os gestos religiosos tradicionais, como por exemplo as datas das festas, a fim de fixar-lhes um sentido novo através dos hábitos antigos (é necessário chamar atenção aqui neste ponto e destacar quanto é falsa a perspectiva dos historiadores religiosos anti-cristãos ou até pseudo cristãos que não conhecem a história da Igreja. Em nome das teorias comparativas, a quem pretende haver influência onde, Na verdade, houve anexação pela igreja de simples gestos, com a mudança total do sentido. É absurdo dizer que o cristianismo sofreu a influência dos cultos Solares por ter fixado em 25 de dezembro a data do nascimento de Jesus, data essa que era a de uma festa mitríaca; ou que a Páscoa, na primavera, é uma imitação de cerimônias em honra do Deus vegetal Átis. Mas essa foi a sabedoria do cristianismo, esse método é o verdadeiro método dos revolucionários: utilizou para os seus fins, num sentido que ele fixava, os costumes imemoriais dos povos em que penetrava. É o que mais tarde dirá tão bem o Papa São Gregório Magno, quando der como senha aos missionários enviados aos países bárbaros: “batizai os Ídolos e os lugares de culto Pagão”.

• Mas, enquanto a ação do mundo antigo sobre o cristianismo se mantém no plano externo, a do cristianismo sobre a sociedade pagã tem outra profundidade: produz-se simultaneamente por mimetismo e por emulação. No plano religioso, vê-se o paganismo evoluir cada vez mais num sentido que o aproxima do cristianismo e procurar oferecer aos seus adeptos, ao mesmo tempo, uma explicação do universo e uma regra de vida que coloca no além o fim da existência. Certos pagãos Chegam a suspeitar que o prodigioso triunfo da fé cristã deriva do fato de ela ter por centro e por foco a pessoa de Cristo, e em vez de escarnecerem dele, procuram suscitar-lhe de um rival. Daqui provém o romance de Apolônio de Tiana, no qual muitos traços parecem ter sido extraídos do Evangelho. Não há dúvida de que a propaganda altamente moral e profundamente humana do cristianismo obriga a sociedade romana há uma espécie de exame de consciência. O Imperador Alexandre Severo ordena que se grave sobre os edifícios públicos a máxima Cristã: “não faça aos outros o que não queria que te fizessem”, exatamente nos mesmos termos em que a apresentava a didaquê. Há razões para perguntar se as medidas tomadas a partir dos Antoninos em favor dos escravos — especialmente a proibição de o senhor os matar sem julgamento — não são consequência da mudança de atmosfera provocada pela expansão da Boa Nova da caridade.

• Há, portanto, em certo sentido, uma indiscutível aproximação entre os dois adversários; no entanto, continuam a ser adversários, e nenhuma influência, nenhuma atração recíproca prevalecerá contra um antagonismo fundamental. A oposição ao cristianismo mudou Pouco a Pouco de caráter, ou antes aprofundou-se, o que prova ainda que a nova formação inquieta gravemente. O anticristianismo Popular continua a existir, tão baixo e tão animal, tão violento e tão injusto e continua a propagar-se as mesmas mentiras sobre os costumes infames e sacrifícios rituais atribuídos aos cristãos. Continua a haver motins da população desenfreadamente, tanto na Ásia como no Egito, e até em Roma onde o Papa Calixto é vítima de um desses motins contra os cristãos. Mas há algo mais sério.

• Perante a nova doutrina, começam a levantar-se homens que compreenderam do que se trata. Estes não se limitam a acusar os cristãos — Como fizera Celso no século anterior — “de se separarem dos outros homens, de desprezarem as leis, os costumes e a cultura da sociedade em que vivem”. Sabem perfeitamente que teve início uma luta decisiva entre a sociedade antiga, tal como ela fora constituída pela tradição e pela lei, e essa empresa bárbara que ameaça a própria essência.

• Em que sentido devemos interpretar esta oposição que os Defensores da antiga civilização vão acentuar cada vez mais? Não se coloca nunca — ou quase nunca — no plano da legalidade. As instruções de civismo dadas pelos Apóstolos continuam a ser observadas, e os cristãos mostram-se, na sua grande maioria, cidadãos fiéis e devotados ao bem público. No entanto, nota-se entre eles uma tendência para o endurecimento. Alguns temperamentos violentos como Tertuliano opõe à romanidade um fanático e pensam em colocar-se à margem dela; outros sonhadores, na expectativa da parusia, anelam pelos grandes cataclismos que tragaram o império iníquo; e ainda polemistas como Lactâncio, que vociferam contra o poder perseguidor. Começam a ocorrer casos de objeção de consciência ao serviço militar, como acontece com um jovem Soldado Que exclama: “não me é permitido trazer ao pescoço o signum (espécie de placa de identidade usada no exército romano) porque fui marcado com sinal de Cristo”; ou com um outro soldado que se recusou a colocar sobre a cabeça a coroa ritual dos sacrifícios em honra do Imperador. São Casos ainda excepcionais, mas sintomáticos: a oposição profunda entre Roma e a igreja tende a passar do plano religioso para o plano cívico e político.

• Aliás, em geral, não é à romanidade que os cristãos se opõem; eles reconhecem profundamente, nesta época, o serviço que a ordem e a organização romanas prestaram a sua propaganda e sabem muito bem qual foi o contributo de Roma para a civilização. O que rejeitam é a superstição tal como o império a prática e exige em norma; é a idolatria do estado, do “reino deste mundo”; é a profunda imoralidade que os poderes públicos fomentam; é a injustiça da sociedade. “Que Roma se converta, e lhe seremos com fiéis!” exclama Tertuliano nos seus momentos de lucidez, quando o Furor ainda não o desvaira. É uma atitude de espírito de importância capital, pois prepara, precisamente no momento em que o império declina, a sua substituição pela cristandade será inevitável

• O filho de Septímio Severo, Caracala, deixou na história uma recordação tão detestável quanto a de Nero, Domiciano ou Cômodo: brutal e libertino, arrebatado e cruel, todos os seus biógrafos são unânimes em retratá-lo como um tirano. No entanto, não mostrou para com os cristãos o rigor de seu pai.

• Seu primo e sucessor, Alexandre Severo rever um caso bem mais interessante. Fora, em suma, por indiferença ou falta de energia que Caracala heliogábalo tinham deixado os cristãos em paz. Terá sido por outros motivos que o novo Imperador se mostrou benevolente? “O bom é afetuoso Alexandre Severo” como diz Renan, deixou uma excelente memória na tradição Cristã. Bastante indiferente para com as tradições romanas, muito submetido a influência de sua mãe, Julia Maméia, que se interessa enormemente pelo cristianismo e ainda por cima rodiado de cristãos na sua corte, sonhar água também com um sincretismo, mais benevolente eclético e que jamais teria sido o perseguidor. O homem de quem Eusébio conta que fizeram colocar no seu Santuário privado a imagem de Cristo ao lado das de Apolônio de Tiana, de Abraão, de Orfeu, e dos melhores Cumprimentos, era sem dúvida, em matéria religiosa, um espírito um pouco simplista. Mas era tudo, menos um homem mau. As suas relações com os cristãos foram numerosas e cordiais: Júlio africano, que se mudara para Roma trabalhou a pedido do Imperador na organização de uma biblioteca. Origem de ser amigo da Imperatriz Mãe de Santo Hipólito dedicou-lhe um tratado. Desejando que a escolha dos magistrados passasse a ser ratificada pelo povo, Alexandre Severo citado como exemplo o fato de tal método ser seguido pelos cristãos; e quando, jogou um processo entre a Igreja de Roma e a Corporação dos proprietários de Taberna, teve estas palavras significativas: “mais vale que Deus seja adorado de alguma maneira nesses lugares do que presentear com eles os donos de tabernas”. Durante o seu governo, assegura um dos seus biógrafos, “Foi tolerado Ser Cristão”; os fiéis de Cristo, sem serem juridicamente reconhecidos, verificaram eles era concedido o direito de “adorar Deus à sua maneira”, o que já era um ganho bastante considerável.(no governo de Alexandre Severo, houveram poucas violências anticristãs provocadas por movimentos populares. Citemos no entanto, uns amotinados de Roma que, a 14 de outubro de 222, atacaram o Papa Calixto em sua casa, e depois de o precipitarem de uma janela, o apedrejaram e o atiraram num poço.

• Bibliografia: A IGREJA DOS APÓSTOLOS E MÁRTIRES, DANIEL ROPS; A TRADIÇÃO CRISTÃ, JAROSLAV PELIKAN

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