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A SEGUNDA EVA E A CERTEZA DA VERDADEIRA HUMANIDADE DE CRISTO • Parte III

• A SEGUNDA EVA E A CERTEZA DA VERDADEIRA HUMANIDADE DE CRISTO

• Parte III

• Voltamos a falar de Marco Aurélio Irineu que são praticamente contemporâneos no século II, o tema central do pensamento de Irineu representava, de acordo com o Marco Aurélio, uma orientação Divina que pode ser misericordiosa e que já havia provado ser clemente, abordando a questão [anakephalaiosis] da história humana, em que cada estágio sucessivo do pecado do homem foram restaurados por sucessivos estágios da atividade Salvadora de Deus em Cristo. Mas a imagem histórica dessa orientação Divina que pode ser misericordiosa frequentemente parecia trazer consigo outros matizes determinísticos [ananke heimarmene] e se livrar espontaneamente da problemática. Essa espécie de necessidade determinística não era de forma alguma, incompatível com a visão profunda da motivação e da Psicologia humanas, como ficou Evidente não apenas em Marco Aurélio mas, principalmente em Tolstoi. Em seu famoso epilogo de Guerra e Paz, Tolstoi atacou as modernas filosofias históricas por causa de seu insistente apego a um inatingível posicionamento favorável ao livre-arbítrio, concluindo com um conhecido axioma: “É necessário renunciar à liberdade que não existe e reconhecer uma dependência [Isto é, um determinismo] da qual não temos consciência(Tolstoi, Guerra e Paz, segundo epílogo, Capítulo 12).

• o tema de Maria como a segunda Eva também representava uma crítica e uma alternativa a outro tópico vastamente aceito na antiguidade e na antiguidade tardia: a teoria cíclica da história, à qual, segundo o filósofo Porfírio, podia se aplicar a metáfora da roda. Me acordo com a análise the Charles N. Cochrane, discípulo de Heródoto, Essa era uma criança na repetição sem fins de situações típicas que, a exemplo da Cidade de Deus de Santo Agostinho, queria provocar a fé dos cristãos em que a história humana, contrariando todas as aparências, não consiste de uma série infindável de padrões repetitivos, mas segue um seguro porém nem sempre regular avanço em direção a uma meta final. Como tal, ela possui começo, meio e fim, exortur, processus et finis. Segundo Santo Agostinho, a teoria cíclica estava correta ao discernir os padrões repetitivos, mas estes não impediam que acontecimentos e pessoas que não se repetissem, que seriam únicos e que aconteceriam uma única vez: adão e eva não continuariam a ser criados indefinidamente, não sucumbiriam repetidamente à tentação e não seriam expulsos do Jardim do Éden infinitamente. Mas, pelo processo de recapitulação, como o denominou Irineu, um segundo Adão realmente apareceu na figura de Jesus Cristo para, de uma vez por todas, reparar o dano feito pelo primeiro Adão, é uma segunda erva verdadeiramente surgiu na pessoa de Maria, para que uma virgem, tornando-se advogada da primeira, pudesse resgatar a virginal transgressão ela virginal obediência — não uma repetição, mas sim uma recapitulação.

• Mas as palavras de 1 Coríntios já citadas nos textos anteriores — “o primeiro homem, Centro da Terra, é terreno, o segundo homem é o senhor do céu” (1 Coríntios 15. 45-7) — identificavam um outro conceito da antiguidade tardia para o Qual a figura de Maria fornecia a resposta. Essa resposta que consistia na noção de homem Divino que, quando aplicada ao modo que os cristãos consideravam a figura de Jesus Cristo, levava Inexoravelmente ao perigo de que “o segundo homem, por ser o Senhor do céu” é julgado mais que humano, passasse a ser considerado como menos que totalmente humano. o conceito Expresso pelas palavras de Louis Ginzberg citadas anteriormente — “assim como a pérola é o resultado de uma irritação na concha de um Molusco, também uma linda pode surgir de um estímulo na escrita” — já se fazia presente nos primeiros estágios do pensamento Cristão a respeito de Jesus Cristo e de Maria. A mais importante evidência dessa tendência foi o evangelho apócrifo — o proto evangelho de Tiago. apesar de apócrifo e não aceito oficialmente como parte dos livros canônicos do novo testamento, ele teve papel preponderante no desenvolvimento da doutrina sobre Maria, algumas questões sobre a Virgem contidas no proto-evangelho de Tiago mencionavam a inviolada virgindade de Maria, não apenas na concepção mas também no Nascimento de seu filho, assim como a ideia correlata de que ela deu à luz sem sofrer as dores do parto, explicando que os irmãos de Jesus dos quais falam os Evangelhos provavelmente eram Filhos de José, viúvo de seu primeiro casamento proto-evangelho de Tiago 19.3- 20, 17. 20,9.2. a despeito de não estar Claro, motivos para ser isso porque algumas dessas questões sobre a Virgem Maria podem, de modo implícito, ter também representado uma certa hesitação em atribuir uma total humanidade a seu Divino filho, pois essa dúvida já começava a ser Expressa em outras fontes praticamente contemporâneas ao proto-evangelho de Tiago. Ireneu, a quem se deve a primeira exposição em larga escala do paralelo entre Eva e Maria, Talvez seja um dos autores em que podemos perceber que essa hesitação dos discípulos do professor gnóstico Valentino os levara a afirmar que Jesus não nascera da Virgem Maria no sentido comum, mas que “passara através de Maria como a água corre através de um cano”, não só Sem sofrimento das Dores do parto como também sem o envolvimento da mãe, é certo em um sentido puramente passivo (Irineu contra as heresias I, VII). A arte cristã por vezes contraria essa tendência ao representar Maria grávida. é possível que Irineu tenha elaborado esse papel decisivo para a viagem por causa da ameaça gnóstica à verdadeira humanidade de Jesus, assim como é defesa da posição singular não apenas de Jesus Mas também de Maria na história da salvação.

• O mais importante conflito intelectual dos primeiros cinco séculos da história cristã — na verdade a mais importante contenda de toda a história da cristandade — debateu a questão da divindade de Jesus Cristo: seria ele idêntico a Deus, o criador? A resposta a esse desafio também inclui a Maria, agora definida como Theotokos, Mãe de Deus. não obstante a dúvida sobre a Total divindade do filho de Deus está presente desde os primeiros tempos do movimento cristão, pela repetição da frase do tentador — “se tu és filho de Deus”( Mateus 4. 3-6) — por outros céticos, Ficou claro que o principal obstáculo, nos séculos II e III, vinha de uma direção oposta e questionava se o homem Divino era na verdade um “homem” no total sentido da palavra ou se, de uma ou outra maneira, ele precisava ser protegido de todas as implicações de uma autêntica humanidade. Muitos movimentos do culto e pensamentos cristãos dos séculos II e III que acabaram por se agrupar e foram tachados de gnósticos compartilhavam desse ponto de vista que passou a ser chamado de “docetismo” (do verbo grego dokein [parecer]), expressando a crença de que a humanidade de Cristo era “meramente aparente”. Ao contrário, os primeiros pensadores considerados “ortodoxos” foram os que se opuseram a essas tendências “docéticas” e “gnósticas” defendendo a Total dimensão humana da vida e da pessoa de Jesus.

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