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AS MULHERES E SUA ARTE DE ENGANAR


AS MULHERES E SUA ARTE DE ENGANAR


Trabalho lícito e trabalho não ilícito

Na Idade Média central houve um Index de trabalhos ilícitos ou proibidos, mas na verdade a Igreja precisou tolerar, entre esses trabalhos estão a usura e a prostituição. Vejamos um evento do início do século XIV por qual passou o Cônego de Tounai, e percebam que a arte de enganar mostrando uma beleza que não existe é tão grave quanto o próprio ato da prostituição.



Tenho feito pesquisas sobre o desenvolvimento da Sociedade medieval e o trabalho, e me deparei com essa situação que me fez lembrar muitas situações no cotidiano atual, não podemos chamar de ofício o que existe atualmente, mas é uma forma de enganar e vencer na vida para muitas mulheres.


“Inclusive a favor das prostitutas – pelo menos num texto admirável vê-se esboçar uma justificação. O problema colocado pela legitimidade do ganho das prostitutas a categoria mais infame do grupo dos mercenários, e tradicionalmente resolvido pela negativa, tinha uma aplicação prática no caso da aceitabilidade das esmolas e dos donativos feitos pelas “mulheres loucas”. Esse caso se apresentou com estrépito em Paris no final do século XII. Na época da construção de Notre-Dame de Paris, dissemos, um grupo de prostitutas pediu ao bispo a permissão para oferecer um vitral à Virgem, exemplo muito particular do vitral de corporação, mas que devia em todo caso excluir qualquer representação das atividades desse ofício. O bispo, embaraçado, faz consultas, e finalmente recusou. Conservamos o parecer emitido pelo autor de um dos primeiros manuais de Confissão, Tomás de Chobham. Porém, o raciocínio do erudito cônego é curioso.”


As prostitutas, escreve ele, devem ser contadas entre os mercenérios. Elas alugam de fato o seu corpo e fornecem um trabalho […]. Daí esse princípio da justiça secular; age mal sendo uma prostituta, mas ela não age mal recebendo o preço do seu trabalho […] admitindo.“ que ela é uma prostituta. Dai o fato de que ela pode se arrepender por se prostituir e, no entanto, guardar os benefícios da prostituição para fazer deles esmolas. Mas se ela se prostitui por prazer e quando aluga o seu corpo para que se conheça o gozo, então o seu trabalho não é louvado, e o benefício é tão vergonhoso quanto o ato. Assim é também quando a prostituta se perfuma e se enfeita de maneira a atrair com falsas aparências e faz crer numa beleza e atrativos que ela NÃO possui, comprando o cliente o que ele vê, e que, nesse caso, é mentira, a prostituta comete com isso um pecado, e ela não deve guardar o benefício que retira disso. Se de fato o cliente a vê tal como ela é verdadeiramente, ele só dará a ela um óbulo (obole), mas, como ela lhe parece bela e resplandecente, ele lhe dá um dinheiro (denier). Nesse caso, ela só deve guardar um óbulo e dar o resto ao cliente que ela enganou, ou à Igreia ou aos pobres […].


” Assim, o prestígio da justificação pelo trabalho se tornou tão grande no final do século XII, que o nosso autor se deixa levar a esboçar uma moral profissional da prostituição.”


Le Goff, Jacques. Para uma outra Idade Média, página 129/130.

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