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AS ORIGENS OCULTAS DA REVOLUÇÃO

O ambiente da maçonaria Continuando nosso estudo sobre a relação maçonaria/Revolução: Vamos verificar a abordagem da organização revolucionária de Buonarroti, verificasse que esta fosse muito além de qualquer modelo maçônico, ela foi claramente influenciada pelo período de cinco anos de imersão em lojas maçônicas que ele passou em Genebra. Tão grande, na verdade, foi o impacto da maçonaria no período revolucionário, que alguma compreensão do ambiente social maçônico parece um ponto de partida essencial para qualquer investigação séria das raízes ocultistas da tradição revolucionária. A maçonaria transmitiu à tradição revolucionária já em sua nascença a metáfora essencial de que os revolucionários se valeram para compreender a sua própria missão em meados do século XIX: a metáfora de um arquiteto construindo uma nova e melhor estrutura para a sociedade humana. Os maçons acreditavam estar recriando em suas sociedades fraternas a condição “natural” de cooperação que prevalecera em meio aos pedreiros (mason deu origem a palavra maçon que significa pedreiro) artesãos do passado que moldaram as pedras de uma construção comum. A evolução de cada “irmão”, desde o estágio de aprendiz, passando pelo de companheiro e, por fim, alcançando o de mestre, requeria realizações mais filosóficas e filantrópicas do que reputação social. A “franco-maçonaria era, pois, matéria de meritocracia moral-coisa implicitamente subversiva em qualquer sociedade estática baseada em hierarquia tradicional. Homens inteligentes e ambiciosos do século XVIII frequentemente vivenciaram dentro de lojas maçônicas uma espécie de irmandade entre iguais que não se poderia encontrar na sociedade aristocrática externa. Os rituais que davam acesso a cada novo grau de associação não eram, como às vezes se sugere, iniciações infantis. Eram impressionantes ritos de passagem a novos tipos de associação, com a promessa de acesso a verdades mais elevadas da Natureza tão logo a venda fosse removida dos olhos no cômodo interior da loja. Cada noviço deveria buscar se tornar um pedreiro “livre” e “aperfeiçoado” capaz de ler os planos do “Divino Arquiteto” para “reconstruir o templo de Salomão” e de remoldar a ordem secular mediante a força moral. Era mais acessível a mobilidade ascendente propiciada pela fraternidade ritualizada da maçonaria do que aquela que se encontraria no restante da sociedade. O título maçom de “irmão” materializava na França parte da mescla de burguesia e aristocracia sugerida na Inglaterra pelo uso do invejado termo “cavalheiro”[ pesquisa de D. Ligou, “Um source important de l’histoire du XVIIIe siècle. Le fond maçonnique de la Bibliothèque Nationale”, Actes du 89 Congrès National des Societés Savantes (Section d’histoire), 1965, p. 38]. Nos meios maçônicos, pessoas normalmente conservadoras poderiam cultivar seriamente a possibilidade de uma Utopia [J. Servier, “Utopie et franc-maçonnerie au XVIII siècle”, Annales Historiques, 1969, jul.-set., pp. 409-413]; em outros artigos poderemos verificar a questão dos laços da maçonaria com a revolução. – ou pelo menos de uma alternativa ao ancien régime. Filipe de Orléans era o chefe titular da maçonaria francesa (a Grande Oriente); e muitos dos frequentadores pró-revolucionários dos cafés do Palais-Royal eram seus “irmãos” maçons. Nos primeiros dias da revolução, a maçonaria proporcionou grande parte dos principais simbolismos e rituais – a começar com a recepção maçônica sob uma “abóbada de espadas” feita ao rei no Hotel de Ville três dias antes da queda da Bastilha [Sobre o uso do voûte d’acier no 17 de julho, v. J. Palou, La franc-maçonnerie, 1972, p.187]. Compreenda-se, contudo, que a maior parte dos maçons franceses antes da revolução “não tinham sido revolucionários, nem mesmo reformistas, nem mesmo descontentes” [D. Mornet, Les origines intelectuelles de la révolution française (1715-1787), 1954, p. 375; vejam-se comentários às pp. 357-387; bibliografia às pp. 523-525; e, fora da França, veja-se Billington, Icon, A. Mellor, Les mythes maçonniques (1974), também minimiza a influência maçônica, embora reconhecendo vagamente a influência do renascimento ocultista no movimento revolucionário pp. 712-714] e, mesmo durante a revolução, a própria maçonaria permaneceu politicamente polimorfa: “Qualquer elemento social e qualquer tendência política poderia ‘se tornar maçônico’ caso assim quisesse”. Mas a maçonaria propiciava um refúgio rico e relativamente não tradicional para os novos símbolos nacionais (moedas, canções, cartazes, selos), as novas formas de tratamento (tu, frère, vivat!) e os novos modelos de organização civil, particularmente fora de Paris [No Novo Mundo, onde os elos entre as organizações maçônicas e as revolucionárias eram particularmente fortes, partidos revolucionários adversários às vezes adotavam nomes de ritos adversários. No México, por exemplo, escoceses (“centralistas”pró-ingleses rito escocês) combatiam os yorquinos (federalistas oriundos do rito de York, criado pelo primeiro embaixador norte-americano, Joel Poinsett). [Ver A. Bonner, “Mexican Pamphlets in the Bodlein Library”, The Bodleian Library Record, 1970, abr., pp. 207-208]. Mais relevante para a nossa história, fato é que a maçonaria foi propositalmente utilizada por revolucionários no início do século XIX como um modelo e como um espaço para recrutamento para os seus primeiros experimento conspiratórios de organização política. Buonarroti agia de maneira típica ao adotar os nomes de duas lojas maçônicas, “perfeita igualdade” e “perfeita união”, para os seus dois primeiros grupos em Genebra. Essas lojas tinham surgido na década de 1760 em oposição, respectivamente, à monarquia absolutisra e aos privilégios aristocráticos. Buonarroti elaborou seu primeiro projeto dos “sublimes mestres perfeitos” em 1806-1813, quando era membro ativo na loja da “perfeita igualdade” em Genebra[O. Karmin, “Notes sur la loge et le chapitre, La Perfaite Égalité la Révolution Française, vol. XII, 1917, jul.-dez., pp. 314-324], de Genève”, Revue Historique de, tendo defnido a “perfeita igualdade” como seu objetivo. As lojas da “perfeita união” influenciaram a organização revolucionária União, fundada em 1813-1814 em Grenoble por Joseph Rey, um futuro colaborador de Buonarroti, que nesse período visitava a cidade.

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