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  DE JERUSALÉM AO VATICANO: A PEREGRINAÇÃO DO PAPADO PARTE III


Entendendo a doutrina Cristã como o que a igreja crê, ensina e conversa com base na palavra de Deus, não lidará com o conteúdo doutrinal do antigo e do Novo Testamento em seus próprios termos. Estes constituem eles mesmos Campos de pesquisas, e a teologia do novo testamento, para Nosso propósito, não é o que Jesus e os apóstolos podem ter ensinado, mas o que a igreja entendeu o que eles ensinaram. Esse é um processo contínuo em vez, de um produto acabado. A forma tão definida que a doutrina Cristã assume na história é a tradição. A palavra “tradição”, como o termo “doutrina” refere-se simultaneamente ao processo de comunicação e ao seu conteúdo. Assim, o termo tradição significa a transmissão do ensinamento Cristão durante o curso da história da igreja, mas também significa o conteúdo transmitido.

Há um sentido em que a noção de quando a tradição parece inconsistente com a ideia de história com movimento e mudança pois se pensa que a tradição antiga consagrada pela idade e mutável uma vez que foi estabelecida Em algum momento anterior da história ela não tem história uma vez que história sugere o aparecimento em um determinado ponto no tempo porque não havia ali antes de acordo com a história eclesiástica de Eusébio (Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica 1. 1. 1), a doutrina Cristã Ortodoxa não tem realmente uma história, sendo eternamente verdade e ensinada nos primórdios; só a heresia tinha uma história surgida em um momento em particular e por intermédio da Inovação de professores em particular.

O PRIMEIRO CONCÍLIO

É sem dúvida a partir de 49dc que os apóstolos vêem a crise. Paulo e Barnabé estão de volta à Antióquia quando ocorre um primeiro incidente. Admite-se, nos fatos, que os não judeus convertidos não são obrigados a observar as práticas religiosas judaicas. Lembremo-nos da declaração de Pedro no batismo do Centurião Cornélio. É o caso de Tito, que acompanha os dois Apóstolos desde uma das novas comunidades da Ásia. apressam-se em batiza-los. Ora, alguns judeus vindos da Judéia, ao contrário, exigem que Tito e os demais não-judeus convertidos sejam circuncidados. Por que essa súbita ruptura de regra aceita? aqui, é necessário prestar atenção às datas: a tensão política entre os judeus e os romanos agora é palpável. Os homens que preparam a revolta não desejam que os Cristão – que eles consideram uma seita Judaica – se afastem do campo de batalha. Ora, para Paulo, “Apóstolo dos gentios”, e Barnabé, a igreja não deve se solidarizar com o destino político de Israel. O debate sem dúvida foi brutal, uma vez que dividiu as duas comunidades de Antióquia, a dos judeus-cristãos e a dos helenistas. Fica decidido que Paulo, Barnabé e Tito irão à Jerusalém. Em Antióquia, as pessoas querem saber se a comunidade de Jerusalém – ou seja a comunidade-mãe – apóia os procedimentos dos judeus desconhecidos.

O primeiro Concílio da história da igreja (conciliun: “reunião”, “convenção” de bispos ou de fiéis) será então aberto, e nenhum dos participantes têm consciência disso. Em Jerusalém, Apóstolos e anciãos se encontram. Sabe-se que alguns cristãos de origem farisaica defendem a tese da circuncisão necessária. Mas estes constituem apenas uma minoria. Pedro, em nome dos apóstolos, dá razão a Paulo e a Barnabé. Tiago, que poderia ter sido o líder da minoria conservadora, limita-se a supervisionar a redação das conclusões. O texto aparentemente é Prudente; lembra que os cristãos de todas as origens devem respeitar os princípios da antiga lei de Moisés: não se comem carnes que foram imoladas para os ídolos; não se consome animais que foram sufocados; a fornicação permanece condenada. Mas o silêncio sobre os problemas dos ritos judaicos é a prova de que igreja acaba de fazer uma opção.

Por que esse encontro – conhecido pelo nome de concílio de Jerusalém – é importante? Por muitas razões. Primeiro, porque é o primeiro. Ele prova que, quando um debate religioso divide os cristãos, um Concílio pode ser um meio apropriado para resolver as dificuldades.

Depois – como vimos -, permite o desinteresse entre a Comunidade Judaica e a Cristã. Historicamente, os judeus continuam os primeiros; mas os segundos anunciam Novos Tempos.

Enfim, por sua composição, o concílio permite que pagãos (que são como Oliveiras e selvagens) compreendam a incipiente organização hierárquica da igreja. Eles poderão se enxertar nesse novo tronco. Pedro e João representam os doze, Isto é, o núcleo original. Tiago e os velhos falam em nome da comunidade de Jerusalém. Paulo, Barnabé e Tito são qualificados com o termo missionários; porém, os dois primeiros são Apóstolos; o terceiro é um mero convertido. Mas é evidente que os que anunciam Cristo a povos desconhecidos ou pouco conhecidos têm o direito de ser ouvido nos casos graves.

Para simplificar. No centro, os apóstolos, dos quais Pedro é o representante. Veremos que serão necessários muitos séculos para que a situação e o poder do Papa comecem a ser compreendidos. Em volta dessa Igreja dos primeiros dias, duas hierarquias paralelas: primeiro a dos anciãos depois a dos missionários.

Vamos analisar alguns textos e sua relação nas construções histórico-teológicas relacionadas às tradições em Atos 6-8 com a visão histórico-social, detectamos o seguinte: em Jerusalém deparamos com frações comunitárias marcadas por cultura e línguas diversas, com suas respectivas associações representativas de governo. Os Doze constituíam o núcleo do grupo de Jesus de língua aramaica, dos que da Galileia se dirigiram (retornando novamente) para Jerusalém e em Atos 6,1 são chamados de Hebreus. Os sete constituíam a Associação diretiva de uma comunidade de língua grega dos que em Atos 6,1 são chamados de “helenistas”. Se os Doze simbolizam Israel reunido em suas 12 tribos no final dos tempos, os 7 atuam em analogia aos grupos diretivos das comunidades judaicas da diáspora. Seus nomes (atos 6,5) são comuns no mundo grego. Significativamente faltam nomes que demostrem explícita identidade judaica. No final da lista cita-se o nome de um prosélito, portanto de um grego, que se tinha deixado circuncidar, passando assim para o judaísmo: Nicolau de Antioquia. O ambiente de origem dessa parte da comunidade são as sinagogas da diáspora em Jerusalém. O lugar, portanto em que também se localiza a disputa com Estevão. Em Atos 6,9 citam-se cinco nacionalidades, para cada uma das quais se deve pressupor, com probabilidade, a existência de uma sinagoga. Como nos é possível reconhecer muito bem, a partir de uma lista de doadores (em grego) para a construção de uma sinagoga em Jerusalém (inscrição de Teodoro, anterior a 70 D.C.), no caso dessas sinagogas da diáspora em Jerusalém trata-se de centros religiosos e culturais para judeus da diáspora provenientes de regiões determinadas. O prédio servia como casa de culto, escola e hospedaria para os peregrinos. A “leitura da Lei” certamente era baseada na tradução grega da Bíblia Hebraica, ocorrendo o mesmo com o “ensino dos mandamentos”. De acordo com a inscrição de Teódoto, “a hospedagem para aqueles ortodoxos estrangeiros” era suficiente e atendia às suas exigências. Para as abluções rituais havia uma adequada instalação hidráulica. As sinagogas da diáspora em Jerusalém eram, portanto, pontos de referências para os Judeus estrangeiros. Isso podia abarcar apenas alguns dias durante as festividades, o que era um sonho para muitos judeus. Podia também ser por um tempo indeterminado, para todos os que pretendiam passar os últimos anos de sua vida em Jerusalém ou que para lá se transferiam com toda a sua família. O que lá procuravam era a estreita união com o centro do Judaísmo, com o templo, envoltos por um ambiente totalmente judaico. Uma vez que as sinagogas ofereciam ajuda inicial para que essas pessoas conseguissem se ajeitar na cidade estranha, aos poucos iam surgindo enclaves nos quais, ao longo de gerações, continuou-se a cultivar a tradição Regional da Pátria de origem, antes de mais nada, naturalmente, a língua grega e talvez inclusive o próprio dialeto. Resulta disso um estranho paradoxo: na diáspora os judeus estavam inseridos na vida social através da língua, mas excluídos pela religião; em Jerusalém os judeus da diáspora estavam unidos aos judeus de língua aramaica da Palestina através da religião, mas a língua causava a separação.

Os que em Atos 6,1 são denominados “helenitas” provém desse ambiente. Ambiente. Além dos “sete” (atos 21,8), no Grêmio diretivo apenas nos são conhecidos mais alguns poucos: José Barnabé, um Levita, de família proveniente de Chipre, Maria e seu filho João Marcos, talvez também Ananias e Safira. todos de boa situação econômica. De Barnabé e do casal Ananias e Safira conta-se que doaram parte de suas Posses a comunidade (Atos 4, 36; 5,1 -11). Entre os judeus da diáspora, dar esmolas era altamente considerado. pode-se com isso ganhar um tesouro no céu (sabedoria 29,8) ou pagar pecados, como ocorre com o sacrifício no templo (Tobias 4,11; 12,8), aspecto muito importantes para a diáspora. Em Atos 2,42-47;4, 32-35 Lucas generalizou essas notícias isoladas em seus sumários, estilizando-as no sentido de uma (espontânea) comunhão de bens, fazendo referência a ideais tanto veterotestamentários quanto helenisticos de um início ou idade de ouro. Quanto às pessoas citadas nominalmente, contudo, sempre se diz que vendiam suas propriedades, colocando o dinheiro à disposição da comunidade; as poucas casas mantidas como propriedade eram necessárias como lugares de reunião (Atos12,12).

Nos deparamos com uma comunhão de bens intracomunitária, ou, mais precisamente: pessoas bem situadas entre os judeus da diáspora (helenistas) abriram suas casas como lugares de reunião e – conforme a necessidade -colocavam seus recursos financeiros à disposição, para custear as refeições comunitárias (Atos 2, 46), assim como para socorrer os necessitados. com isso prestava-se principalmente auxílio aos discípulos Galileus de Jesus, que Como o próprio Jesus, em sua maioria não deveriam dispor de recursos. Além do mais, havia assim uma solução para o “problema das viúvas” citado em Atos 6,1: como se pode ver nos ossários gregos encontrados em Jerusalém, havia entre os retornados a Jerusalém um número Extraordinário de mulheres. Sem clã familiar, é possível que logo dependessem de ajuda material e, com certeza, do contato com as pessoas. As reuniões cristãs domésticas, abertas aos hóspedes, deveriam portanto oferecer boas perspectivas. Problemas podiam surgir do fato de o dinheiro dos bens vendidos ser depositado “aos pés dos Apóstolos” (Atos 4,35. 37;5, 2), com o que, inicialmente a administração estivesse nas mãos da facção da comunidade de língua aramaica, portanto dos 12.

Entendemos que as reuniões das casas ocorriam em grupos segregados pela língua, mesmo que se deva ter colocado à disposição dos hebreus a casa de alguns helenistas. Analogamente, contudo, os hebreus tinham sua Pátria litúrgica do culto no templo, enquanto os helenistas a tinham no culto sinagogal, onde se falava Sua “língua materna”. O conteúdo que unia a comunidade era constituído pelas tradições de Jesus, que eram cultivadas nas casas. Em primeiro plano devia estar a tradição local da história da Paixão de Cristo.

Duas questões devem ainda ser esclarecidas: Como ocorreu o primeiro contato com os helenistas? Isso tem a ver com a competência linguística. O que havia de tão atrativo nas tradições dos discípulos Galileus de Jesus para os Judeus da diáspora? Isso por sua vez, está em conexão com a morte de Estêvão.

A RUPTURA FINAL ENTRE CRISTÃOS E JUDEUS

Não se pode subestimar a importância histórica da ruptura entre os grupos da diáspora judaica e as comunidades cristãs. A divergência sobre as práticas judaicas não é a única razão dessa decisão que afastará durante séculos as duas religiões que têm a mesma Raiz e uma esperança escatológica semelhante.

O acontecimento que precipita essa ruptura parcial é a emergência de um nacionalismo judaico radical. Trata-se De um acontecimento surpreendente. O nacionalismo, para os homens de hoje, é uma realidade bastante normal. Não era assim na época em que o império romano se constitui sobre os escombros da República. Naturalmente, os povos dos territórios conquistados por Roma às vezes resistem. Será o caso da Gália. Mas é uma revolta fugaz. As nações não existem. Ademais, Roma não é uma nação, do sentido moderno da palavra. É um império que estabelece suas leis sobre o mundo conhecido. Há prova melhor que o Egito? Trata-se de um país, uma tradição cultural, uma religião, um sistema econômico. Roma precisa de seus portos, de seu trigo, talvez até de sua ciência. O Egito poderia ter demonstrado o seu mau humor, mas funde-se no Império Romano sem resistência aparente, como se essa fusão fosse natural. Certo: Alexandre passou por lá. Ele impôs uma dinastia, mas era um conquistador, isto é, uma espécie de Imperador. Não deseja carregar a nação grega em sua bagagem. Aliás, adotou os deuses e os costumes da Ásia. portanto há 2000 anos o nacionalismo é um anacronismo.

Mas a nação Judaica se revolta. Em nome de seu prestigioso passado. Prestigioso para seu povo; os romanos consideram os judeus apenas uma gente insuportável e provocadora.

A Batalha começa por volta de 66-67. Durará cerca de 4 anos. Os judeus não tinham a mínima chance de vencer. Morrem aos milhares. Jerusalém e as principais cidades da Galiléia são aniquiladas. Massada, último Bastião da Resistência judaica, animados pelos zelotes, cai em 73 D.C. para o povo judeu é uma catástrofe. Agora ele estará reduzido à diáspora; esta, com uma coragem obstinada, começará a repetir: “ano que vem em Jerusalém”.

Os cristãos viram o drama chegar. Tudo indica quê eles se separaram. Tiago, Bispo de Jerusalém, fora apedrejado em 62D.C. A crer nos relatos de Testemunhas (duvidosas), os fariseus é que tinham imposto a Sentença de Morte. Por que? As relações entre os dois povos grupos não costumavam ser más. Eusébio de Cesaréia, escrevendo por volta de 325, considera que os fariseus temiam a influência de Tiago sobre o povo de Jerusalém. Porém, o Bispo se opunha ao crescimento do nacionalismo zelote; como a maioria dos cristãos, ele considerava um impasse essa revolta da qual todo mundo falava. O reino de Jesus não estava na Ponta das espadas. A morte de Tiago seria um dos prenúncios da Batalha queria começar.

Em 66 DC a comunidade cristã de Jerusalém retira-se para péla, na transjordânia. É uma opção e liberada.

Essa comunidade não quer se deixar arrastar para essa guerra; deseja sobreviver. É Simeão, primo de Jesus e sucessor de Tiago que conduz esse Êxodo limitado. Mas para os judeus, Como para os cristãos, está decidido, os dois grupos sabem que já não seguem o mesmo caminho.

No entanto, nem todos os cristãos devem ter se encontrado em Péla. Estima-se hoje que muitos membros das Comunidades cristãs próximas ao centro do conflito foram dissolvidas pelo conflito. Por exemplo, a comunidade da Galileia, que não deixou qualquer vestígio. Ativa, numerosa antes de 66, desaparece depois de 70. Não é um caso isolado. Lembramos que os judeus, agarrados ao pequeno território da Palestina, não são muito numerosos. Constituem clãs que muitas vezes são Aliados entre si. O problema da participação ou não-participação na guerra certamente divide a maioria das famílias. Em todo caso, para o povo Judeu o trauma será imenso. Em 70, Tito toma Jerusalém e arrasa o Templo; o número de vítimas entre os judeus é ignorado. Mas os romanos são implacáveis. Para Eles, os judeus são uma pequena mancha no imenso mapa do Império em formação.

Para os cristãos, a ruptura de fato com a Comunidade Judaica está feita. Com isso, a igreja perde o centro. É certo que Antióquia tem um papel que não é desprezível. Mas jamais será uma capital. A partir desse instante, Roma se impõe por diversas razões.

Primeiro, por ser a capital do império e pelo fato de que o cristianismo vai se enraizar nas cidades dominantes do mundo conhecido. Depois, por ser o local onde Pedro e Paulo morreram. Pedro provavelmente foi assassinado em 64 por Nero, após o incêndio de Roma. É possível que os romanos só tenham conseguido encontrar o apóstolo graças a uma denúncia anônima, Como manda o figurino. vemos que o processo é antigo. É óbvio que essa denúncia certamente partilha dos meios judaico-cristãos. A guerra pró ou contra o nacionalismo judeu se teria prolongado até Roma. Paulo morreram em condições semelhantes, em 67. Em todo caso, os dois homens já não estavam mais neste mundo quando eclode a revolta.

Para os cristãos, contudo, a morte em Roma dos dois pilares da igreja é um sinal. Ainda se passarão alguns séculos antes que o Bispo de Roma se torna efetivamente o chefe da igreja. Mas, desde os anos 65 – 70, está decidido: o centro da igreja fica em Roma. Simplesmente porque o Bispo de roma é o sucessor de Pedro, e porque este, está enterrado em Roma.

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