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FÉ E RAZÃO


FÉ E RAZÃO


Pio IX


Encíclica Qui pluribus (9.11.1846)


TEXTO: Pio IX Acta, Roma, 1857, 1/1, 7-9 (ed. anastática Graz, 197); CL 6, 83-84.


Da harmonia entre a Fé e a razão


Dui que, com uma argumentação certamente distorcida e mais do que falaz, eles nunca deixam de apelar para a força e excelência da razão humana e de exaltá-la contra a santa Fé cristã [contra sanctissimam Chisti fidem] e com grande audácia vociferam contra ela, dizendo que se opõe à razão humana. Sem dúvida, nada se poderia inventar ou imaginar mais enlouquecido, mais ímpio, mais repugnante à própria razão. Porque, embora a Fé esteja acima da razão, entre elas, no entanto, jamais pode haver verdadeira oposição nem real conflito, já que ambas nascem da única e mesma Fonte, da Verdade imutável e eterna: Deus, a Perfeição máxima [Deo optima maximo]; e de tal forma mutuamente se ajudam que a reta razão demonstra, protege e defende a verdade da Fé; e a Fé livra a razão de todos os erros, ilumina-a, confirma-a, aperfeiçoa-a maravilhosamente com o conhecimento

das coisas divinas.




Não é menor certamente, Veneráveis Irmãos, a falácia com que esses inimigos da Revelação divina, exaltando com os maiores louvores o progresso humano, com temerária e sacrílega ousadia querem introduzi-lo na religião católica, como se ela fosse obra não de Deus, mas dos homens, ou uma descoberta filosóflca que pode ser aperfeiçoada por vias humanas.






Da importância da razão


Certamente, para não ser enganada nem errar em assunto de tamanha importância, precisa a razão humana investigar diligentemente o fato da Revelação divina, para se certificar, com toda a certeza, de que Deus falou, e assim Lhe prestar, como ensina com sabedoria o Apóstolo (cf. Rm 12,1), “um obséquio racional”. Quem, pois, ignora ou pode ignorar que se deva prestar toda a Fé a Deus que fala, e que nada é mais conforme à razão do que assentir e firmemente aderir ao que é certo ter sido revelado por Deus, o Qual não pode enganar-Se a Si mesmo nem nos enganar?




Dos motivo de credibilidade



Mas quantos argumentos há! maravilhosos e esplêndidos, com que a razão humana se vê inteiramente obrigada a reconhecer que a religião de Cristo é Divina e que “todo o princípio de nossos dogmas tem sua raiz no alto, no Senhor dos céus” [principium radicem desuper ex caelorum Domino]< São João Crisóstomo, sobre Isaías 1,1, e que por isso nada há mais certo que nossa Fé, nada mais seguro, nada mais santo e que se apoie em mais firmes princípios. Como sabemos, esta Fé (…) é confirmada pelo nascimento, Vida, morte, Ressurreição, sabedoria, milagres e profecias de seu divino Autor e Consumador, Jesus Cristo; refulgindo por toda parte pela luz da doutrina do alto, enriquecida com os tesouros dos dons celestiais, refulgente e insigne sobretudo pelos vaticínios de tantos profetas, pelo esplendor de tantos milagres, pela perseverança de tantos mártires, pela glória de tantos santos, que dá a conhecer as leis salvíficas de Cristo, adquirindo cada dia maiores forças com as próprias perseguições, [esta nossa Fé] invadiu o mundo inteiro, por terra e mar, do Oriente ao Ocidente, arvorando, como único estandarte, a Cruz de Cristo; (…) anunciando a todos a paz, anunciando os bens [celestiais] (cf. Is 52,7). Todos estes fatos brilham certamente, por toda parte, com tão grande fulgor da Sabedoria e do Poder divino, que qualquer inteligência facilmente pode entender que a Fé cristã é obra de Deus.






Da obrigatoriedade da Fé



Por isso, conhecendo clara e expressamente por meio destes argumentos, a um tempo luminosos e firmíssimos, que Deus é o Autor desta Fé, não pode a razão humana ir mais além, mas, repelida e afastada inteiramente toda dificuldade e dúvida, deve ela prestar a esta Fé toda a obediência, uma vez que tem

Por certo que tudo o que a própria Fé propõe aos homens para crer e fazer foi por Deus ensinado.


Collantes, Justo, A fé católica: documentos do magistério da Igreja, Lumen Christi; Anápolis, GO, 2003.

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