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INTERVÉM OS MORTOS EM NOSSA VIDA?

INTERVÊM OS MORTOS EM NOSSA VIDA? Incapacidade de comunicação em que estão os mortos “Por que não havemos de atribuir aos anjos essas operações por disposição da Providência divina que se serve de modo sábio dos bons como dos maus, conforme a inescrutável profundidade de seus julgamentos? Essas visões podem servir para instruir os vivos ou para enganá-los, para consola-los ou assustá-los, sendo cada um tratado, seja com misericórdia, seja com rigor, por aquele do qual a Igreja não celebra em vão “a misericórdia e a justiça” (Sl 100,1).” Apelo ao comportamento de sua mãe, após a morte “Tomem como quiserem o que vou dizer. Se deveras as almas dos mortos interviessem nos problemas dos vivos, aparecessem e nos falassem durante nosso sono, minha piedosa mãe – para não falar sobre outras pessoas — não me abandonaria uma única noite, ela que me seguiu por terra e por mar, a fim de partilhar comigo minha vida. Longe de mim crer, com efeito, que uma vida mais feliz a tornou indiferente, a ponto de não vir consolar em suas tristezas um filho que, em sua vida, foi seu grande amor.” Os mortos nada sabem sobre os vivos Por certo são verdadeiras as palavras do salmo: “Meu pai e minha mãe abandonaram-me, mas o Senhor me recolheu” (SI 26,10). Ora, se nossos pais nos abandonaram, podem eles se interessar por nossos problemas? E se eles ficam indiferentes, quais os mortos que poderão se inquietar com o que fazemos ou sofremos? * Declara o profeta Isaías: “Porque tu é que és o nosso pai. Abraão não nos conheceu, e Israel não soube de nós” (Is 63,16). Se os grandes patriarcas desconheceram o destino do povo do qual eram a fonte e cuja raça saiu como fruto de sua fé em Deus, como poderiam os mortos intervir, para conhecer e proteger, nos negócios e empreendimen tos dos vivos? E como declarar bem-aventurados os santos cuja morte precedeu nossas infelicidades, se eles continuarem sensíveis às desolações da vida humana? Não nos enganaríamos, por acaso, dizendo que eles estão em lugar de absoluta tranquilidade, caso se inquietas sem com a existência atormentada dos vivos? O que significa, então, esta promessa feita por Deus, como grande benefício ao piedosíssimo rei Josias, que ele morreria antes de os males iminentes caírem sobre seu país e seu povo, a fim de não ter a tristeza de os ver? Eis as palavras de Deus: “Ao rei de Judá que vos enviou a consultar o Senhor, direis assim: Eis o que diz o Senhor Deus de Israel: Porque ouviste as palavras do livro, e o teu coração se atemorizou e te humilhaste diante do Senhor, de pois de ouvidas as palavras contra este lugar e con tra os seus habitantes, isto é, que virão a ser o objeto de espanto e execração, e porque rasgaste as vestes e choraste diante de mim, eu te ouvi, diz o Senhor, por isso eu te farei descansar com teus pais e serás sepultado em paz no teu sepulcro, para que os teus olhos não vejam todos os males que eu hei de fazer cair sobre este lugar” (2Rs 22,18-20). Aterrorizado pelas ameaças divinas, Josias chorou e rasgou as vestes. Mas o pensamento que sua morte devia preceder todas as desgraças a virem, e a certeza da paz à qual havia sido chamado a gozar no repouso e que portanto não veria aqueles males, devolveram a serenidade de sua alma. As almas dos mortos estão, pois, em lugar de onde nada veem do que se passa ou do que acontece aos homens aqui na terra. Como, portanto, poderiam partilhar das misérias dos vivos, já que ou bem estão a suportar as suas próprias penas, caso as tenham merecido, ou bem estão a repousar como foi prometido a Josias, em lugar de paz? Aí não sofrem nem por si nem pelos outros, libertados que estão de todas as penas que sua dor pessoal e sua compaixão por outrem lhes ocasionavam quando ainda estavam vivos aqui na terra. *O pedido do rico epulão e o pobre Lázaro Dir-me-ão como objeção: se os mortos não se interessam pelos vivos, como se explica que aquele rico nos tormentos do inferno suplicasse a Abraão que enviasse Lázaro a seus cinco irmãos ainda vivos, para convencê-los a mudar de vida e evitar de virem, por sua vez, àquele lugar de tormentos? (Lc 16,27). Acaso se há de deduzir dessas palavras que ele sabia o que seus irmãos faziam ou sofriam nesse tempo? Preocupava-se ele com os vivos sem nada conhecer de seus atos, tal como nós temos cuidado dos mortos, ignorando o que eles fazem? Na verdade, se não nos interessássemos por eles não oraríamos na intenção deles. Aliás Abraão não enviou Lázaro à terra. Respondeu ao condenado que seus irmãos tinham Moisés e os profetas; que os ouvissem se queriam evitar aqueles suplícios.” Aqui, mais uma vez, poderão objetar. Como podia Abraão ignorar o que se passava aqui na terra, visto que sabia terem os vivos Moisés e os profetas, isto é, seus livros, e que seguindo-os escapariam aos tormentos do inferno? Não sabia ele igualmente que o rico tinha vivido em delícias e que Lázaro, o pobre, vivera na penúria e no sofrimento? Com efeito, disse: “Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, e Lázaro por sua vez os males” (Lc 16,25). Abraão estava pois a par dos fatos concernentes aos vivos, não aos mortos. É certo, mas esses fatos ele podia não os ter conhecido no momento em que ocorreram, mas após o falecimento dos dois, e sob as indicações do próprio Lázaro. Desse modo, a palavra do profeta não está desmentida: “Abraão não nos conheceu” (Is 63,16). Condições do relacionamento entre mortos e vivos Convenhamos, pois, que os mortos ignoram os acontecimentos daqui da terra, pelo menos no momento mesmo em que eles se realizam. Podem vir a conhecê-los mais tarde, por aqueles que vão ao seu encontro, uma vez mortos. Por certo, não ficam conhecendo tudo, mas somente aquilo que lhes for autorizado de ser revelado e que eles têm necessidade de conhecer. Os anjos, que velam sobre as coisas deste mundo, podem também lhes revelar alguns pontos julgados convenientes a cada um por aquele que tudo governa. Pois se os anjos não tivessem o poder de estarem presentes na morada dos vivos como na dos mortos, o Senhor Jesus não teria dito: “Aconteceu que o pobre morreu e foi leva do pelos anjos ao seio de Abraão” (Lc 16.22). Eles estão ora na terra ora no céu, visto que foi da terra que levaram aquele homem Deus quis lhes confiar. As almas dos mortos podem ainda conhecer, por revelação do Espírito Santo, alguns acontecimentos aqui da terra, cujo conhecimento lhes é necessário. Não somente fatos passados ou presentes, mas até futuros. É assim que os homens — não todos, mas unicamente os profetas – conheceram durante sua vida mortal, não a totalidade das coisas, mas aquelas que a Providência divina julgava bom lhes revelar. A Sagrada Escritura atestanos que alguns mortos foram enviados a certas pessoas vivas; e reciprocamente, algumas pessoas foram até a morada dos mortos. Assim, Paulo foi arrebatado ao Paraíso (2Cor 12,2). E o profeta Samuel, após sua morte, apareceu a Saul ainda vivo e lhe predisse o futuro (1Sm 28,15-19).13 É verdade que alguns negam que tenha sido Samuel que apareceu, pois sua alma era refratária a tais procedimentos mágicos, como dizem. Foi, conforme julgam, outro espírito, suscetível a essa arte maléfica que se revestiu de imagem semelhante a ele. Ora, o livro do Eclesiástico, atribuído a Jesus Ben Sirac (que por causa de certas semelhanças de estilo bem podia ser mesmo de Salomão), relata-nos em elogio dos Patriarcas que “Samuel profetizou mesmo de pois de morrer” (Eclo 46.23). O que não pode visar senão essa aparição de Samuel, defunto, a Saul. Poderia ser discutida a autoridade desse livro, sob o pretexto que não se encontra no cânon dos hebreus. (Mas há outro texto que convida a admitir esse envio de mortos aos vivos: a passagem das aparições de Moisés e Elias no Tabor). O que, pois, dizermos de Moisés, cujo Deuteronômio nos certifica da morte (Dt 34,5), e que apareceu vivo, como lemos no Evangelho, com Elias não morreu? (Mt 17,3). Os mortos só intervêm pelo poder de Deus – a aparição de são Félix Tudo o que precede deve servir para resolvermos esta questão: como manifestam os mártires que se interessam pelas coisas humanas, atendendo as nossas orações, já que os mortos ignoram o que fazem os vivos? Pois nós sabemos, com efeito, não por vagos rumores, mas por testemunhas dignas de fé, que o confessor Félix, cujo túmulo tu veneras piedosamente como santo asilo, deu não somente marcas de seus benefícios, mas até de sua presença, tendo aparecido aos olhos dos homens, por ocasião do cerco da cidade de Nola pelos bárbaros. Esses fatos excepcionais acontecem, graças à permissão divina, e estão longe de entrar na ordem normalmente estabelecida para cada espécie de criatura. Pois pelo fato de a água ter-se tornado subitamente em vinho pela palavra do Senhor (Jo 2,9), não devemos concluir – dessa operação divina excepcional e até única – que a água tenha poder de operar por si mesma essa transformação pela propriedade natural de seus elementos. Do fato de ter Lázaro ressuscitado (Jo 11,44) não segue tampouco que todo morto possa se levantar quando quiser, ou que possa ser erguido tal como qualquer homem adormecido é acordado por outro. Uns são os limites do poder humano, outras as marcas do poder divino. Uns são os fatos naturais, outros os miraculosos, ainda que Deus esteja presente na natureza, para a manter na existência, e a natureza tenha seu lugar inclusive nos milagres. Portanto, é preciso não acreditar que todos os defuntos, sem exceção, possam intervir nos problemas dos vivos pelo fato de, em certas circunstâncias, os mártires terem conseguido curas ou prestado outros socorros. É preciso compreender, antes, que é por efeito do poder divino que os mártires intervêm em nossos interesses. Pois os mortos não possuem por sua própria natureza tal poder.

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