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Jesus: um mito copiado de outras religiões?

Atualizado: 1 de jun. de 2022

Como parte de um material que estou preparando, apresento o seguinte estudo rechaçando a ideia de que a vida, morte e ressurreição de Jesus é fruto de assimilações de mitologias pagãs antigas. Essa teoria se popularizou devido ao filme O Código Da Vinci e o documentário Zeitgest, mesmo algumas páginas ateias, depois de longos anos passando vergonha postando informação falsa, se deram conta de que não há nenhuma evidência de tais alegações.


Sobre a teoria de Jesus ser um plágio


Essa teoria também é popular, mas é uma das que menos tem qualquer tipo de suporte histórico e é mais rejeitada por qualquer historiador sério. Mas, na maioria das vezes quem a sustenta não se importa com isso, muito menos se importam em apresentar evidências sólidas que deem suporte a essa teoria insana, apenas fazem alegações desconexas baseadas em textos de confiabilidade duvidosa retirado da internet. Quando pressionado por evidências que confirmem sua afirmação, alguns recorrem ao documentário Zeitgest, que já foi rechaçado por inúmeras vezes por não fornecer nenhuma base histórica relevante as suas afirmações, ou a alguns escritores antirreligiosos que constroem argumentos cheio de pressuposições e conjecturas falsas.


Essa teoria afirma que a vida, morte e ressurreição de Jesus é baseada na mitologia antiga de deidades de outras religiões (Mitra, Osíris, Hórus e etc), as chamadas religiões de mistério. Por alegadas similaridades entre as histórias, os entusiastas dessa teoria alegam que a história de Jesus foi copiada, portanto, sendo uma farsa total. Esse galera também se guia pelo famoso livro O Código Da Vinci, onde o autor faz afirmações parecidas, eles só se esquecem que Dan Brown não é historiador e o livro é uma obra de ficção, talvez por isso seus argumentos sejam tão fantasiosos.


Mais quais seriam essas alegações?


Somente para citar alguns exemplos para que você possa entende-los e desmistifica-los:


Mithra:


Nascido de uma virgem, dia 25 de dezembro, tinha doze seguidores, era um grande professor e foi crucificado.


As semelhanças podem lembrar a Jesus, mas elas seriam verdadeiras?


Não há menção de nascimento virginal no Mithraísmo, de fato, pouco de sabe sobre suas origens, a não ser o que alguns poucos desenhos descobertos em cavernas podem afirmar. Nem há nenhum relato dele sendo qualquer tipo de professor ou tendo seguidores, muito menos tendo sido crucificado.


Attis:


Nascido de uma virgem, dia 25 de dezembro, foi crucificado e ressuscitou.


Quantas coincidências com Jesus não?!


Mas infelizmente para os fantasiosos seguidores dessa teoria, não há nenhuma menção sobre a data de 25 de dezembro nos mitos de Attis, ele é associado com o retorno anual da primavera. De acordo com a lenda, Agdistis, um monstro hermafrodita, levantou-se da terra como um descendente de Zeus. Agdistis gera o rio Sangarius que revelou a ninfa, Nana, que traz uma amêndoa em seu peito e se torna grávida pela amêndoa, gerando a Attis. Não há nenhum relato de crucificação no mito de Attis. E em uma das versões do mito, Attis é transformado num pinheiro.


Hórus:


Nascido de uma virgem, dia 25 de dezembro, tinha doze discípulos, foi crucificado e ressuscitou.


Aparentemente todos os deuses antigos eram iguais.


Há dois relatos de nascimento relacionados a Hórus (nenhum mostra um nascimento virginal).E em uma das versões, Ísis sua mãe, praticou magia para ressuscitar Osíris dos mortos assim ela poderia dar a luz a um filho que pudesse vingar sua morte. Ísis então engravidou do esperma de seu marido morto. Nunca se disse que Hórus foi crucificado, nem mesmo de ter morrido. A única conexão que nós podemos fazer de Hórus sendo ressuscitado é se nós considerarmos a eventual fusão de Hórus e Osíris. Mas tal teoria resulta em um beco sem saída, aparentemente notado pelos egípcios já que eles posteriormente alteraram suas crenças para arrumar as contradições. No conto egípcio, Osíris é ou desmembrado por Seth em uma batalha ou selado em uma arca e afogado no Nilo. Ísis então reúne o corpo de Osíris novamente e ressuscita Osíris para conceber um herdeiro que irá vingar a morte de Osíris. Não há nenhum relato de dias de nascimento, nem de seguidores, apenas conjecturas vazias.


Poderíamos perder muito tempo fazendo a mesma coisa. Perceba que todos esses mitos não tem ligação alguma com o cristianismo, mas claramente eles se apossaram de características cristãs para atrair fiéis ao seu movimento sincrético. Além do mais, para montar seu “Jesus mítico”, eles precisam além de distorcer as mitologias, juntar um pedaço de cada mito para formar um que possa ser usado no caso contra a história de Cristo. A pessoa que acredita nessas conexões ignora completamente todas as evidências históricas. Não possui nenhum traço de julgamento crítico e pouco se importa com a verdade.


Chega de invenção, vamos aos fatos!


O primeiro passo para qualquer pessoa que realmente busque entender essas alegações seria consultar as visões e opiniões dos acadêmicos nas áreas de especialização relevantes. Claro, os estudiosos diferem em alguns detalhes, mas o que eles têm a dizer sobre essa questão específica? Hoje, quase todos os estudiosos das especializações históricas relevantes rejeitam unanimemente a noção de que Jesus é uma cópia dos deuses pagãos. Parece que a evidência disponível os persuadiu contra esses alegados paralelos. Vejamos algumas opiniões:[1]


“Até onde eu sei, não existem qualquer evidência que a morte e ressurreição de Jesus seja uma construção mitológica.”  T.N.D Mettinger.


“A ideia de morte e ressurreição de deuses é em grande parte um equívoco baseado em reconstruções imaginativas em textos tardios e altamente ambíguos.” J.Z Smith.


“Todos estes mitos são repetitivos e representações simbólicas da morte e do renascimento da vegetação. Estes não são figuras históricas…” Edwin Yamauchi,


“Ela está cheia de tantos erros factuais e afirmações bizarras que é difícil acreditar que o autor é sério.” Bart Ehrman


“Alegações de uma dependência cristã sobre o mitraísmo foram rejeitadas em todos os níveis.” Ronald Nash


O historiador Justo Gonzalez explica o motivo das alegadas similaridades:

“Durante as duas ou três primeiras décadas do século vinte, pensava-se que as religiões de mistério formavam uma unidade baseada em uma “teologia misteriosa” comum, e que o Cristianismo era simplesmente uma delas, ou quando muito, uma religião distinta na qual a influência dos mistérios era grandemente sentida. De acordo com os eruditos desta época, o Cristianismo tomou dos mistérios seu conceito sobre a paixão, morte e ressurreição de deus; seus ritos de iniciação – o batismo; sua refeição sacramental – a comunhão. Mas desde então, tem sido feito um estudo cuidadoso sobre os mistérios, e a conclusão obtida por quase todos os eruditos é que não existiu tal coisa como uma “teologia misteriosa” em comum.


Muito pelo contrário, os cultos de mistério diferiam tanto um do outro, que é até mesmo é difícil explicar o termo “religião de mistério”. Além disso, essas religiões parecem não ter alcançado seu pleno desenvolvimento até o segundo e terceiro séculos da era cristã, que é o período em que a maioria de suas características em comum com o Cristianismo aparecem.


Segue-se que tais características podem ser mais facilmente explicadas como a influência do Cristianismo sobre elas do que o oposto, mais ainda quando aprendemos que já neste período os cultos pagãos tentavam imitar algumas das características da nova fé dinâmica.” [2]


O historiador ainda acrescenta: “Visto que o politeísmo fazia parte de sua estrutura fundamental, cada religião de mistério se sentia autorizada a aceitar e a adaptar qualquer coisa que achasse de valor em outras religiões. Se existe uma característica da religião do período helenista, esta é o sincretismo. Um culto competia com os outros, não para ser o mais austero, mas para ser o mais amplo, para incluir as mais diversas doutrinas”.[3]


Segundo os especialistas, pouco de sabe sobre essas chamadas religiões de mistério, visto que suas doutrinas e ritos de iniciação eram secretos e suas crenças mantidas entre um grupo seleto de participantes. Eles não tinham escritos sagrados e muito do que se sabe sobre eles são frutos de adições posteriores, então é difícil ter certeza sobre qualquer coisa. Como confirma o professor e Ph.D em Estudos religiosos Merril Tenney: “ Os rituais em si eram secretos. Isto significa que não estavam abertos ao escrutínio. Além do mais, os dados são muito escassos e requerem cuidado antes de se poder fazer comparações”[…] “Tal como com outros cultos, detalhes de origem e doutrina não são totalmente claros.”[4]


O acadêmico Edwin Yamauchi escreve que “a suposta ressurreição de Attis só aparece depois de 150 dC”. E no caso de Mithra, o próprio professor Ronald Nash explica que “o mitraísmo floresceu depois do cristianismo, não antes, então o cristianismo não poderia ser copiado Mitraísmo O momento está errado em ter influenciado o desenvolvimento do cristianismo do primeiro século ”.


Essa é a diferença entre mitos e história, como mostramos no capítulo 3, a Bíblia possui uma vasta gama que a coloca num patamar completamente diferente dessas alegações mitológicas.

Muitos estudiosos de modo semelhante tem reconhecido durante quase dois milênios uma clara distinção entre os relatos dos escritores do Evangelho e dos criadores dos mitos das religiões de mistério.


Por exemplo, Walter Kunneth, professor de teologia sistemática da Universidade de Erlangen, na Alemanha, declara a respeito da originalidade do evangelho: ” A mensagem da ressurreição não surgiu no mundo contemporâneo para ser mais uma das lendas de culto habituais, em que Jesus seria um herói de um novo culto, pondo-se harmoniosamente lado a lado com outros heróis cultuais. Mas sua mensagem foi em termos de uma estrita exclusividade, um único é o Senhor (kyrios). Aqui, toda a analogia falha. Esse testemunho, em contraste com a condescendência do mundo mítico inteiro, chega com uma intolerante reivindicação de totalidade, que põe em questão a validade e a verdade de toda a mitologia.”[5]


Os professores Carlidge e Dungan reconhecem o mesmo: ” Se os cristão utilizaram conceitos e termos usuais para comunicar sua fé, eles com frequência lhe deram uma significação exclusiva. Quando adoraram a Jesus como seu salvador, o resultado foi um poderosa negação: “Nem César, nem Esculápio, nem Hércules, nem Dionísio, nem Ptolomeu, nem qualquer outro deus é o salvador do mundo – só Jesus é!”[6]


Leia de cabo a rabo os vários mitos gregos e depois leia até o fim os relatos dos evangelhos, então você verá uma diferença marcante no sabor de todo o seu conteúdo.


O tradutor e estudioso do Novo Testamento J.B Philips, descreve: ” Eu havia lido em grego e latim inúmeros mitos, mas não achei o mais leve sabor de mito aqui [nos evangelhos]. Não há histeria, nenhuma manipulação para impressionar e nenhuma tentativa de fraude […]. Há uma sinceridade e simplicidade quase pueris, e o efeito total é tremendo.”[7]


Embora a literatura popular esteja cheia dessa baboseira ficcional, a tendência entre os estudiosos do assunto é contrária. Como enfatiza o acadêmico J.P Moreland:

” Nunca é suficiente enfatizar que tais influências são vistas pelos atuais estudiosos do Novo Testamento como tendo pequeno ou nenhuma papel na formação da imagem de Jesus no Novo Testamento, em geral, ou das narrativas da ressurreição em particular. “[8]


Mesmo na época que a tese do sincretismo estava em alta, o grande historiador e teólogo liberal alemão, Adolf Von Harnack, escreveu: ” Devemos rejeitar a mitologia comparativa que acha conexões causais entre tudo e todos, as quais derrubam sólidas barreiras, saltam sobre abismos como se fosse um jogo infantil, e engendram combinações a partir de semelhanças superficiais […]. Através de tais métodos, pode-se transformar Cristo em um deus do sol num piscar de olhos, ou criar-se lendas acerca do nascimento de todo deus concebível, ou reunir-se todos os tipos de pombas mitológicas para fazerem companhia a pomba batismal, e encontra-se todo número de jumentos célebres para acompanharem o jumentinho no qual Jesus montou em Jerusalém, e assim, com varinha mágica das “religiões comparadas”, triunfalmente eliminar todas característica original em qualquer das religiões.”[9]


Que podemos concluir de tudo isso?


Que simplesmente essa conjectura fantasiosa deve ser rechaçada, pois além de distorcer a própria mitologia, adicionando e criando novas explicações para ficarem semelhante aos evangelhos, suas conjecturas não possuem nenhum fundamento histórico, muito menos suporte acadêmico. Esses mito não foram criados para serem reais, por isso eles sempre se modificavam especialmente nos lugares de culto sincretista. Não é a toa que nenhum acadêmico leva essas alegações a sério, os “misticistas” são como os defensores da terra plana no âmbito do debate histórico. Rejeitam o Novo Testamento e toda sua fundamentação histórica, mas acreditam em qualquer ilusão popular antirreligiosa.

Ramon Serrano

Referências:

[2] Justo Gonzalez, Uma História do Pensamento Cristão Vol 1 p. 41-42

[3] Ibid p.43

[4] Merril C. Tenney, Enciclopédia da Bíblia, Vol 5, p.162

[5] Walter Kunneth, The Theology of the Ressurection p.62

[6] David Cartlidge, Documents for the study of the gospels p.21

[7] J.B Philips, The ring of the truth p.77

[8] J.P Moreland, Scaling the secular city. p.181

[9] Citado por Ronald Nash, Christianity and the Hellenistic world p.118-119

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