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O Caso Galileu


Muito é dito sobre o caso Galileu e a Igreja Católica. Uns dizem que ele foi queimado pela inquisição, outros que ele foi torturado e preso. Mas tudo isso são apenas lendas sem fundamento histórico.


Vamos analisar o que de fato aconteceu.


Nos dias de Galileu, a visão predominante na astronomia era o modelo inicialmente proposto por Aristóteles e desenvolvido mais tarde por Cláudio Ptolomeu, onde o Sol e os planetas giravam em torno da Terra. O sistema Ptolomaico foi o paradigma dominante durante mais de 1400 anos adotado pela maioria dos cientistas da época, até que um cónego da Igreja Católica, chamado Nicolau Copérnico, publicou a sua obra pioneira com o nome “De revolutionibus orbium coelestium” (“Da revolução de esferas celestes”), que tratava do heliocentrismo, visão que ia de encontro total com a visão dominante da época. Copérnico atrasou a sua publicação durante vários anos devido aos seus receios de ser ridicularizado pela comunidade científica, mas quando o fez, enviou uma cópia do seu trabalho ao papa, por quem foi bastante elogiado.

Por essa altura, o mundo acadêmico pertencia aos Aristotélicos e eles não tinham planos de deixar este absurdo passar pelo seu processo “crítico”.


Foi nesse contexto que chegou Galileu. É preciso dizer que ele era um homem de personalidade forte, teimoso e muito vaidoso. Na verdade, seus problemas com o papa Urbano VIII foram exatamente por isso e pouco tiveram a ver com ciência.


Muito antes de se tornar o Papa Urbano VIII (1623 a 1644), enquanto ainda era o cardeal Maffeo Barberini, o futuro papa conhecia e gostava de Galileu. Em 1623, quando Galileu publicou seu livro The Assayer ( II Saggiatore), Galileu o dedicou ao cardeal Barberini. Assayer foi principalmente um ataque contra Orazio Grassi, um jesuíta matemático que havia publicado um estudo que (corretamente) tratava cometas como pequenos corpos celestes; Galileu ridicularizou essa afirmação, argumentando erroneamente que os cometas eram apenas reflexões sobre os vapores decorrentes da terra. Galileu inclusive pediu ao Papa que escrevesse um poema sobre a glória da astronomia.


Se eles eram amigos, então o que deu errado?


Em 1610, Galileu usou o seu telescópio para fazer algumas descobertas que colocaram em cheque a cosmologia Aristoteliana, mas não o suficiente para derruba-la. Porém, Galileu passou a desdenhar da teoria em vigor em público, o que irritou profundamente grande parte da comunidade científica da época. Galileu, no entanto, nunca chegou a apresentar evidências empíricas para apoiar a sua teoria.


Ou seja, Galileu pretendia abalar uma das maiores crenças científicas da época sem ter razões convincentes para tal, seria como alguém negar hoje em dia uma teoria científica bem aceita, sem apresentar provas bem convincentes para sustentar tal afirmação.

Galileu chega ao absurdo de elaborar a teoria das marés, para demonstrar que o movimento das marés era resultado do movimento da Terra ao redor do sol. O que hoje é reconhecidamente como errôneo.

 A confusão chegou a Igreja, e para tentar convence-los, Galileu não se limitava a afirmar proposições de astronomia, mas introduzia-se no setor da exegese bíblica, tentando assim convencer os teólogos católicos.


Em 1615, o Cardeal Robert Bellarmine, educadamente apresentou a Galileu a opção de provar sua teoria com fatos, ou então parar de ensina-la como verdade absoluta, e sim como mais uma teoria.


Galileu, no entanto, não estava com disposição para abandonar as coisas, e para irritação geral, voltou a forçar o assunto. Ele apelou ao papa Urbano VIII, que era um homem culto e amante das ciências naturais, mas que não se sentiu convencido pelos argumentos de Galileu. Os jesuítas, eminentes cientistas da época e defensores de Galileu, tentam mostrar-lhe seus erros, mas Galileu passou a ataca-los.


Depois disto, Galileu escreveu “Dialogo sopra i due massimi sistemi del mondo” (“Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo”), onde ele iria apresentar o ponto de vista de Copérnico e o de Ptolomeu em três personagens distintos, dentre eles, ele fez uma alusão ao papa como um homem ignorante e simplório, retratado no personagem Simplício. O papa não gostou nada.


Galileu, que era agora velho e adoentado, foi mais uma vez chamado perante a Inquisição, e ao contrário da maioria das pessoas acusadas de heresia, ele foi tratado de uma forma surpreendentemente benevolente. Enquanto esperava pelo julgamento, Galileu foi alojado num apartamento luxuoso com vista para os jardins do Vaticano, e foi colocado ao seu dispor um criado pessoal.


A sentença de Galileu foi a dele renunciar a sua teoria e viver o resto da sua vida numa agradável casa do campo, perto de Florença. Claramente, o exílio fez-lhe bem, porque foi lá, sob os cuidados da sua filha Maria Celeste, que ele continuou as suas experiências e publicou o seu melhor trabalho científico “Discorsi e dimostrazioni matematiche, intorno à due nuove scienze”.

Por fim, Galileu morreu tranquilamente com a idade madura de 77 anos.

O que dizer disso tudo? Galileu era um cientista brilhante e com um ego maior ainda. Intuitivamente, ele tinha razão sobre suas convicções científicas, mas algumas delas ele não foi capaz de provar, pois não estavam fundamentadas cientificamente, como a teorias das marés, a negação da existência de cometas e etc. Os problemas que ele teve com a Igreja, não tiveram a ver com ciência, pois antes dele, Copérnico havia levantado essa mesma questão.

Não podemos deixar de lembrar que Kepler, Tycho Baché, Blaise Pascal, Pierre Gassendi e muitos jesuítas eram grandes cientistas da época e não tiveram problemas com suas publicações.

Infelizmente essa história ainda é distorcida como um modo de se acusar o cristianismo de ser contra a ciência, mas quem estudou as raízes do desenvolvimento científico, sabe que a ciência como conhecemos hoje nasceu na Europa graças ao cristianismo e não apesar dele.

Referência Bibliográfica: Bearing False Witness, Debunking Centuries of Anti-Catholic History – Rodney Stark

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