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O Filioque pela perspectiva de um católico oriental


Pergunta: Um dos problemas que originaram a divisão da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica foi o “Filioque”. Ele ainda é um ponto de grande contenda entre o Oriente e o Ocidente como fora no passado?

Resposta: Quanto ao infame conflito a respeito do Filioque, este já não parece ser obstáculo que costumava ser. Em 1995 o Papa pediu ao Pontifício Conselho para Promoção da Unidade dos Cristãos que esclarecesse e reavaliasse a questão. A pedido dele, foi emitido um documento incrível intitulado: “The Father as the Source of the Whole Trinity – the Procession of the Holy Spirit in Greek and Latin Traditions” (As tradições grega e latina a respeito da processão do Espírito Santo, na edição portuguesa).

Este documento reconhece o entedimento oriental de o Pai ser a fonte da trindade como sendo algo definitivo para a Igreja Católica. Os ortodoxos estavam preocupados que o católicos clamavam que TANTO o Pai QUANTO o filho fossem a fonte da trindade. Esse documento dá cabo a esse medo.

Na verdade, esse documento chega longe até o ponto de afirmar que o credo SEM o Filioque é a forma normativa do credo para toda a Igreja Católica. Dizendo assim:

[A Igreja Católica reconhece o valor conciliar, ecumênico, normativo e irrevogável, expressão da fé comum da Igreja e de todos cristãos, do Símbolo professado em grego em Constantinopla em 381 pelo Segundo Concílio Ecumênico. Nenhuma profissão peculiar a uma tradição litúrgica particular pode contradizer essa expressão de fé ensinada pela igreja indivisa” (2º Parágrafo).]

O Papa calorosamente aceitou esse documento e ele próprio o implementou. Sempre que concelebrando com bispos orientais, ou durante encontros ecumênicos onde se prestam orações, o Santo Papa sempre celebra o Credo sem o Filioque.

Pergunta: Por que os católicos romanos não voltam a recitar o Credo em sua forma original? Se uma igreja ocidental como a Anglicana voltou a usar o Credo sem o Filioque, isso dá a entender que muitos cristãos ocidentais (protestantes e católicos romanos) estão a professar o credo “errado”.

Resposta: Dizer que a versão do Credo com o Filioque é o credo “errado” seria incorreto. É uma variação legítima do mesmo Credo que é particular a tradição litúrgica latina.

Quando devidamente entendido, a cláusula Filioque não compromete a monarquia do Pai: a noção que o Pai é a fonte original do Filho e do Espírito. De fato, a tradição teológica latina tendeu a enfatizar o papel do Filho na expiração «spiration» do Espírito enquanto mantendo a monarquia do Pai. A cláusula Filioque expressa essa tradição teológica latina, que é parte da herança da Igreja Latina. Muitos teólogos católicos romanos acreditam que remover o Filioque do Credo da Igreja Latina seria como abandonar uma parte importante do patrimônio teológico latino.

Pergunta: Quem começou a briga a respeito do Filioque? O Carlos Magno realmente acrescentou isso ao Credo?

Resposta: No que se trata a sua pergunta, é dado consagrado que o Filioque foi inserido no Credo Niceno a pedido de Carlos Magno, mesmo com a objeção verbal do papa regente à época. Antes disso, já havia sido recitado em partes da Gália e Espanha, mas o uso difundido disso foi alcançado no Oeste pelos esforços de Carlos Magno. Numerosos papas se opuseram a essa adição e tentaram manter a versão original do credo por diversos séculos. De fato, nenhum um único papa recitou o Filioque até o Papa Bento VIII (por volta de 1014-1015 d.C)

Além disso, quando São Fócio protestou contra a recitação do Filioque no Credo, ele se acreditava seguindo os passos dos numerosos papas que também se opuseram a essa adição.

Devo também mencionar que alguns historiadores acreditam que Carlos Magno adicionou o Filioque ao Credo justamente para poder ter uma desculpa para acusar o imperador bizantino de heresia. Uma vez que o imperador bizantino se recusava a recitar o Filioque, ele poderia ser acusado de heresia e, portanto, não o poderia ser reconhecido como um imperador legítimo por Carlos Magno. Isso significaria que Carlos Magno sozinho era o único verdadeiro imperador no mundo cristão. É claro que já que o Papa daquela época também recusou recitar o Filioque, isso também significaria que ele era um herético aos olhos de Carlos Magno, não seria? Sendo assim, Carlos Magno se encurralou em um beco sem saída teológico complicado e viscoso.

De qualquer forma, esse assunto parece ter sido amplamente resolvido nos anos recentes. Eu ficarei imensamente grato quando essa briga finalmente for direto para o cesto de lixo da história.

Pergunta: Católicos orientais têm que acreditar no Filioque?

Resposta: Roma não impõe que católicos abandonem sua tradição teológica única. Na verdade, o que o Vaticano II pediu foi que nós preservássemos nossas tradições teológicas únicas, que são parte da riqueza de toda Igreja Católica. Portando, Católicos orientais devem manter sua tradição teológica oriental da Trindade, que enfatiza a monarquia do Pai.

O filioque é parte da tradição teológica latina. Uma vez que estamos todos unidos em comunhão completa com a Igreja Católica Romana, os católicos orientais acreditam que o Filioque é um entendimento legítimo da Trindade, particular a tradição latina. Em outras palavras, é um entendimento verdadeiro da Trindade, igual e complementar com o entendimento oriental. Embora não expressemos nosso entendimento da Trindade dessa forma, é perfeitamente legítimo para a Igeja Latina fazer isso. Os entendimentos orientais e ocidentais da Trindade são diferentes, mas complementares. Então, em última instância, acreditamos que o filioque é verdade, mas não é como expressamos o mistério.

Existe uma história interessante por trás disso. Em todas as suas negociações com as igrejas ortodoxas, a Igreja Católica Romana nunca pediu para a Ortodoxa adotar o Filioque como seu entendimento da fé. Pelo contrário, Roma apenas pediu para que a Ortodoxa reconheça que não é herético. Infelizmente, por muitos séculos permaneceram indispostos a conceder tal coisa. Alguns cristãos ortodoxos permanecem assim até hoje

Traduzido do site From East to West do católico bizantino Anthony Dragoni. 

Tradução por Jéssica Ramos.

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