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O PAPEL DA MULHER NA IGREJA E NA SOCIEDADE DA IDADE MÉDIA

• O PAPEL DA MULHER NA IGREJA E NA SOCIEDADE DA IDADE MÉDIA

• A mulher, ela que sempre levou inspiração, aos poetas, cancioneiros, sempre esteve presente na imaginação dos grandes artistas, seria essa mulher subjugada numa sociedade medieval? Não é isso que vemos em uma sociedade do século XI, vemos razões e inspirações de canções e poesias, infelizmente os historiadores da literatura cometeram, em suas obras, o mesmo erro que os historiadores da arte: transpuseram para a época feudal um imperativo que só se faz sentir na época clássica. Essa mesma época clássica que tem sido a inspiração da sociedade moderna, talvez seja esse o ponto em que a mulher perdeu totalmente sua identidade, tratada como um objeto, algumas como um artigo de luxo, que não tem uma identidade espiritual, não tem um caráter recatado, o corpo é o seu poder, e diante disto, a sociedade vai ladeira abaixo, pois, precisamos dessa mulher que quer ser mãe, esposa e sinta honra do que é, vejamos como você mulher era tratada em um período que muitas de vocês aprenderam que foi um período ruim para o sexo feminino.

• O que observamos é uma mulher torna-se Senhora do poeta, A suserana; uma mulher que exige fidelidade. Ela suscita um amor que carece também de respeito: amor Distante, que criou uma tensão exasperante entre sentimentos contrários e é, paradoxalmente, a Joy, a alegria do poeta; à Dama, ele dedica uma espécie de culto fervoroso, constante; ela é toda-poderosa para ele; o amor que vive entre os dois tornasse uma auto segredo que ele não saberia Trair e a por um senhal (O senhal é uma figura retórica usada pela primeira vez na poesia trocânica. Era um termo geralmente reservado para a amada.), Um pseudônimo, que ele a designa. É, aliás, um traço característico dessa época fazer-se grande o uso de emblemas, insígnias, do senhal.

• Nós carecemos muito de obras que relatam com fidelidade o papel da mulher na Idade Média, podemos perguntar as mulheres atuais quem já ouviu falar de Leonor de aquitânia? Uma sala de aula em qualquer faculdade talvez apareça uma pessoa em 50, Leonor da Aquitânia 1122-1204, Duquesa da Aquitânia neta de Guilherme IX, foi uma protagonista das relações entre os reinos da França e da Inglaterra, pois se casou, sucessivamente, com Luís VII, o jovem (1120-1180) e Henrique II (1133-1189). Portanto, foi rainha da França e depois rainha da Inglaterra. Em sua corte na Aquitânia promoveu os trovadores da língua occitana.

• Algumas pessoas ainda não se deram conta de que, por exemplo, tínhamos uma realidade, que é surpreendente tendo em vista a desinformação atual em relação à Idade Média, nos tempos feudais a rainha é coroada como o rei, estamos falando da França isso acontecia em Reims, ou em outra catedral, mas sempre coroada pelas mãos do Arcebispo de Reims. Como Margarida da Provença (1221-1295), rainha da França, esposa de São Luís IX (1214-1270) coroada em Sens pelo Bispo de Reims. A última rainha a ser coroada foi Maria de Médici (1575-16429), rainha-consorte, Regente, e rainha-mãe da França. seu mecenato ajudou a desenvolver as artes. Ela o foi, tardiamente, em 1610, na véspera do assassinato de seu marido, Henrique IV— a cerimônia ocorreu em Paris, segundo um costume consagrado nos séculos anteriores (atingir reims representado então um feito militar por causa das guerras anglo-francesas). E, Além disso, desde os tempos medievais (o termo é tomado aqui em Oposição, a tempos feudais), a coroação da rainha tinha se tornado menos importante que a do rei; numa época em que a guerra se alastrava pela França de forma endêmica (o da famosa Guerra dos Cem Anos), as necessidades militares começaram a ter primazia entre todas as preocupações, por ser o rei antes de tudo, o chefe da Guerra. Tanto assim é que, no século XVII, a rainha desaparece literalmente da cena em proveito da favorita. Para se convencer basta lembrar Qual foi o destino de Maria Teresa da Áustria e Bourbon ou de Maria Leszczynska, (1703-1768), princesa da Polônia e rainha-consorte da França e de Navarra. E quando a última rainha quis retomar uma parte desse poder, lhe foi dada oportunidade de se arrepender, Pois ela se chamava Maria Antonieta arquiduquesa da Áustria e rainha da França e de Navarra guilhotinado na Revolução Francesa (1755-1793), é importante lembrar que a última favorita, a madame Du Barry (amante das amantes) reuniu-se a última rainha do cadafalso para ser guilhotinado pela Revolução Francesa.

• esta rápida visão do papel das rainhas dá ideia bem exata do que se passou com as mulheres; o lugar que elas ocuparam na sociedade; a influência que exerceram seguiu exatamente um trabalho paralelo. Enquanto uma Leonor de Aquitânia, uma Branca de Castela (rainha-consorte da França e regente durante a menor idade de seu filho, Luís IX 1188-1252) elas dominam realmente seus séculos, exercem Poder Sem contestação no caso de ausência do Rei, seja por doença ou Morte, e têm suas chancelarias, suas Alfândegas, seus Campos de atividade pessoal (que poderia ser reivindicado como um fecundo exemplo para os movimentos feministas de nosso tempo), a mulher, nos tempos clássicos, foi relegada a um segundo plano; exerce influência só na clandestinidade e se encontra notoriamente excluída de toda a função política ou administrativa. Ela é mesmo dita com incapaz de reinar, de suceder no feudo ou no domínio, Principalmente nos países latinos e, finalmente em nosso Código, de exercer qualquer direitos sobre seus bens pessoais.

• É, como sempre, na história do direito que se deve procurar os fatos e seu significado, ou seja, a razão desta decadência que se transformou, como o século XIX, no desaparecimento total do papel da mulher, principalmente na França. Sua influência diminuí paralelamente à ascensão do Direito Romano nos estudos jurídicos, depois nas instituições e, por fim, nos costumes. É um apagar progressivo do qual se pode seguir as principais etapas pelo menos na França.

• Curiosamente a primeira disposição que afasta a mulher da sucessão ao trono foi tomada por Filipe, o belo. É verdade que este Rei estava sob influência dos legisladores meridionais, que tinham literalmente invadido a corte de França, no começo do século XIV, e que, representantes típicos da burguesia das cidades e notadamente das cidades muito comercializadas do Sul, redescobriram o direito romano.

• O Direito Romano não é favorável à mulher, nem tão pouco à criança. É um direito monárquico, que só admite um fim. É o direito do Pater famílias, pai, proprietário e, em sua casa, grande-sacerdote, chefe da Família com poderes sagrados, Sem Limites ao que concerne a seus filhos: tem sobre Eles direito de vida e de morte — se da mesma forma para com sua mulher, apesar das limitações tardiamente introduzidas sobre o Baixo Império.

• Apoiando-se no Direito Romano o que juristas como do Dumoulin, Por seus tratados e seus ensinamentos, contribuem, por sua vez, para estender o poder do estado Centralizado e também — o que nos interessa neste texto, que é restringir a liberdade da mulher e de sua capacidade de ação, principalmente no casamento. A influência deste direito era tão forte que, no século XVI, a maioridade, que era aos 12 anos para as meninas e 14 para os rapazes, na maior parte dos costumes, vai ser transferida para a mesma idade fixada em Roma, Isto é, 25 anos.

• O código de Napoleão dá o último retoque a este dispositivo e dão sentido imperativo às tendências que começaram a se firmar desde o fim da época medieval. Lembremos que apenas no fim do século XVIII que a mulher toma obrigatoriamente o nome do marido; e também que é somente com o Concílio de Trento, portanto na segunda metade do século XVI, que o consentimento dos Pais torna-se necessário para o casamento de adolescentes; tanto quanto se tornou indispensável à sanção da igreja.

• Em relação as uniões arranjadas pelas famílias nos tempos feudais, a única força que lutou contra essas uniões impostas foi a Igreja; ela multiplicou, no direito canônico, as causas de nulidade, reclamou sem cessar a liberdade para os que se unem, um com relação ao outro e, com frequência, mostrou-se bastante indulgente ao Toledo, na realidade, a ruptura de Laços impostos — muito mais nesta época do que mais tarde, notemos. O resultado é a constatação que provém da simples evidência de que o progresso da livre escolha do esposo acompanhou em toda parte o progresso da difusão do cristianismo. Hoje ainda é, em países cristãos, que esta liberdade, tão justamente reclamada, é reconhecida pelas leis, enquanto que, nos países muçulmanos ou nos países do extremo oriente, essa liberdade, que nos parece essencial, não existe.

• Isso nos leva a discutir o slogan feminista: “Igreja hostil à mulher”. é um assunto bem longo que não vamos nos apegar, mas somente fazer uma citação em resposta às tolices ensinadas até em salas de universidades, eis uma, “não foi senão no século XV que a Igreja admitiu que a mulher tinha alma”, ainda hoje algumas pessoas de má fé, ignorantes, ou com problemas de pesquisa ou de falta de inteligência mesmo, essas afirmações nasceram na mente de pessoas no Iluminismo, Voltaire foi um dos grandes propagadores de mentiras, que nos dias atuais ainda são usadas pelos inimigos da verdade e repetem essas bobagens, eles se esqueceram que durante séculos, batizou-se, confessou-se e ministrou-se a Eucaristia a seres sem alma! Neste caso, porque não aos animais? É estranho que os primeiros Mártires honrados como Santos tenham sido mulheres e não homens. Santa Inês, Santa Cecília, Santa Ágata e tantas outras. É verdadeiramente triste que Santa Blandina ou Santa Genoveva tenham sido desprovidas de uma alma Imortal. É surpreendente que uma das mais antigas pinturas das catacumbas (no cemitério de Priscila) representasse, precisamente, a Virgem com o menino, bem designado pela estrela e pelo profeta Isaías. Enfim, em quem acreditar, nos que provam a igreja medieval justamente o culto da Virgem Maria, ou naqueles que julgam que a virgem maria era, então, considerada como a criatura sem alma?

• Sem perder muito tempo com essas bobagens, recordaremos aqui, que algumas mulheres que nada designava particularmente, pela família pelo nascimento, pois que vinham, como diríamos atualmente, de todas as camadas sociais, como por exemplo a pastora de Nanterre > Santa Genoveva, desempenharam na Igreja, e justamente por sua função na igreja, um extraordinário poder na Idade Média. Certas abadesas eram senhoras feudais cuja poder era respeitado do mesmo modo que o de outros senhores; algumas usavam báculo como os bispos; administravam, muitas vezes, vastos territórios com cidades e paróquias… Um exemplo, entre mil outros: no meio do século XII, os cartórios nos permitem seguir a formação do mosteiro de Paraclet, cuja superiora é Heloísa; basta percorrê-los para constatar que a vida de uma Abadessa, na época, comporta todo um aspecto administrativo: as doações que se acumulam, que permitiam perceber aqui o dízimo de um Vinhedo, lá o direito às taxas sobre o feno e o trigo, aqui o direito de usufruir de uma granja, e lá o direito de pastagem na floresta… Sua atividade é também a de um usufruidor, ou seja, a de um senhor. Quer dizer que, a par de suas funções religiosas, algumas mulheres exerciam, mesmo na vida laica, um poder que muitos homens teriam inveja nos dias atuais.

• Por outro lado, constata-se que as religiosas desta época — sobre as coisas, digamos de passagem, ainda nos faltam para estudos Sérios — são na maioria casos de mulheres extremamente instruídas, que poderiam rivalizar em Sabedoria com os monges mais letrados do tempo. A própria Heloísa conhece e ensina às monjas o grego e o hebraico.

• É uma Abadia de mulheres, de Gandershein, que provém um manuscrito do século x contendo seis comédias, em prosa rimada, imitação de Terêncio, e que são atribuídas à famosa abadessa Hrotsvitha (935-973, cônega Beneditina e escritora alemã), da qual há muito tempo conhecemos a influência sobre o desenvolvimento literário nos países germânicos. Essas comédias, provavelmente representadas pelas religiosas, são, do ponto de vista da história dramática, consideradas como prova de uma tradição escolar que terá contribuído para o desenvolvimento do teatro na Idade Média. Digamos, de passagem, que muitos Mosteiros de homens e de mulheres ministravam instrução às crianças da região.

• É surpreendente também constatar que a mais conhecida Enciclopédia do século XII é da autoria de uma religiosa, a Abadessa Herrada de Landsberg (1130-1195). É a famosa Hortus deliciarum (Jardim de delícias) na qual os eruditos retiravam os ensinamentos mais correto sobre o avanço das técnicas em sua época. Poder-se-ia dizer o mesmo das obras da célebre Hildegard de Bingen. Enfim, uma outra religiosa, Gertrudes de Helfta (1256-1302, Beneditina, mística e teóloga), no século XIII, conta-nos como sentiu-se feliz ao passar de estado de “gramáticista” ao de teóloga, Isto é, que depois de ter percorrido o ciclo de estudos preparatórios ela galgara o ciclo superior, como se fazia na universidade. O que prova que, ainda no século XIII, os Conventos de mulheres permaneciam sendo o que sempre foram desde São Jerônimo, que instituiu o primeiro dentre eles, a comunidade de Belém: lugares de oração, Mas também de ciência religiosa, de exegese, de erudição; estuda-se a Sagrada Escritura, considerada como a base de todo o conhecimento, e também os elementos de saber religioso e profano. As religiosas são moças instruídas; portanto, entrar para o convento é o caminho normal para as que querem desenvolver seus conhecimentos além do nível comum. O que parece o extraordinário em Heloísa é que, em sua Juventude, não sendo religiosa e não desejando claramente entrar para o convento, procurava, todavia, estudos muito áridos, ao invés de se contentar com a vida mais frívola, mais despreocupada, de uma jovem desejando “viver no século” a carta que Pedro, o venerável (Abade de Cluny, 1092-1156) lhe enviou o dez espressamente.

• Se quisermos fazer uma ideia do lugar ocupado pela mulher na igreja dos tempos feudais é preciso perguntarmos o que se diria, em nosso século XX, de convento de homens colocado sob a direção de uma mulher. Um projeto desse gênero teria, em nosso tempo, alguma possibilidade de se realizar? E, no entanto, Isto foi realizado com pleno sucesso, e sem provocar o menor escândalo na igreja, por Roberto d’ Arbrissel (fundador da ordem de Fontevralt, desaparecida com a revolução francesa), isto aconteceu em Fontevralt, nos primeiros anos do Século XII. Tendo resolvido fixar a incrível multidão de homens e mulheres que se arrastavam atrás dele —porque ele foi um dos maiores pregadores de todos os tempos — Roberto d’ Arbrissel decidiu fundar dois Conventos, um de homens, outro de mulheres, entre eles se elevava a igreja, único lugar em que monges e monjas podiam se encontrar: este mosteiro duplo foi colocado sobre autoridade não de um Abade, mais de uma abadessa. Esta, por vontade do fundador, devia ser viúva, tendo tido a experiência do casamento. Para completar, digamos que a primeira Abadessa que presidiu Os destinos da ordem de Fontevralt, Petrolina de Chemillé, tinha 22 anos. Não acreditamos que, mesmo nos dias de hoje, semelhante audácia tivesse a menor oportunidade de ser considerada ao menos uma única vez.

• Examinando as fontes, os fatos, chegamos à uma conclusão, naturalmente imposta pelos fatos: durante todo o período feudal, o lugar da mulher na igreja apresentou algumas diferenças do homem (em que medida não seria esta uma prova de sabedoria: levar em conta que o homem e a mulher são duas criaturas equivalentes, mas diferentes?), Mas este foi um lugar eminente quem simboliza, por outro lado, perfeitamente o culto, prestado à Virgem entre todos os Santos. Sem nos esquecermos que a época termina por uma figura de mulher: a de Joana D’Arc que, seja dito de passagem, não poderia jamais nos séculos seguintes obter a audiência e suscitar a confiança que conseguiu.

• Podemos afirmar que lugar da mulher na igreja é exatamente o mesmo que ela ocupa na sociedade civil e que, pouco a pouco, lhe foi retirado, depois da idade média, tudo o que lhe conferia alguma autonomia, alguma Independência, alguma instrução. Ao mesmo tempo a universidade, que admite apenas os homens — tenta concentrar o saber e o ensino, os Conventos deixam, de modo gradativo, descer os centros de estudo que tinham sido anteriormente; Digamos que eles param também, ir muito rapidamente, de ser centro de oração.

• A mulher se encontra, portanto, excluída da vida eclesiástica, como da vida intelectual. O movimento se precipita quando, no começo do século XVI, O Rei da França mantém nas mãos a nomeação de abadessa e abades. O melhor exemplo disso continua sendo a ordem de Fontevrault, que se torna um asilo para as velhas Amantes do Rei. Asilo onde se leva daí em diante uma vida cada vez menos edificante.

• Falaremos agora de forma bem resumida, sobre as mulheres que não eram nem grandes damas nem abadessas, nem mesmo monjas: mas, camponesas ou citadinas, Mães de família ou trabalhadoras. Este é um tema que seria indispensável uma pesquisa das coleções sobre os costumes ou os estatutos das cidades, e também aos cartorários, os documentos Judiciários, ou ainda os inquéritos ordenados por São Luís, o que poucos se dão ao trabalho de fazer, vemos São Luís tomar uma iniciativa sem precedente, que consistia em fazer supervisionar pelo Rei sua própria administração, dirigindo-se diretamente aos administradores: o rei enviava aos lugares os pesquisadores, unicamente encarregados de recolher as palavras das pessoas sem importância, que tinham um motivos de reclamar dos agentes reais, reformar assim, no local, os abusos cometidos; em outras palavras, era o caminho eficaz, que remediou os defeitos do estatismo. Destacam-se aí, questões colhidas na vida quotidiana, milhares de pormenores colhidos ao acaso e sem ordem pré-concebida, que nos mostram homens e mulheres através dos pormenores atos de suas existências: vemos a queixa de uma cabeleireira, em outra uma Salineira (comércio de sal), de uma moleira, da viúva de um agricultor, de uma castelã, da mulher de um cruzado etc.

• É por documentos deste gênero que se pode, peça por peça, reconstituir, como em um mosaico, a história real. Ela nos parece aí, é inútil dizer, muito diferente dos romances de Cavalaria ou das fontes literárias que dão frequentemente tomadas por Fontes históricas.

• O quadro que se delineia da reunião desses documentos nos apresenta mais de um traço surpreendente, pois que vemos, por exemplo, mulheres votarem como homens em assembleias urbanas ou nas das comunas rurais. É divertido ler como eram realizadas as conferências ou palestras diversas, citando o caso de gaillardine de Fréchou, que diante de um arrendamento proposto aos habitantes e Cauterets, nos Pirineus, pela Abadia de Saint-Savins, foi a única a votar não, quando todo o resto da população votou sim. O voto das mulheres Nem sempre é expressamente mencionado, mas isso pode ser porque não se via necessidade em fazê-lo. Quando os textos permitem diferenciar a origem dos votos, percebe-se que, em certas regiões, tão diferentes como As comunas bernenses, certas cidades de Champagne, ou algumas cidades do leste Como Pont- à-Mousson, ou ainda na Toraine, na ocasião dos estados-gerais de 1308, as mulheres são explicitamente citadas entre os votantes, sem que isso seja apresentado como um uso particular do local. Nos estatutos das cidades indica-se, em geral que os votos são recolhidos na Assembleia dos habitantes sem nenhuma especificação; às vezes, faz-se menção da idade indicando, como em Aurillac, que o direito de voto é exercido com a idade de 20 anos, ou em Embrum, a partir de 14 anos acrescentemos a isso que, como Geralmente os votos se fazem por “fogo” quer dizer Lar, lareira, por casa, de preferência por indivíduo, é aquele que representa o “fogo”, Portanto, o pai de família que é chamado a representar os seus; se é o pai de família que é naturalmente seu chefe, fica bem claro que sua autoridade é a de um gerente e de um administrador, não a de um proprietário.

• Nas atas de notários é muito frequente ver uma mulher casada agir por si mesma, abrir por exemplo uma loja ou uma venda, e isto sem ser obrigada a apresentar uma autorização do marido. Enfim, os registros de impostos, nós diríamos os registros de coletor, desde que foram conservados como é o caso de Paris, no fim do século XIII, mostram multidões de mulheres exercendo funções: professora, médica, boticária, Estucadora, tintureiras, copista, miniaturista, encadernadora, cabeleireira, etc.

• Somente no fim do século XVI, por um decreto do Parlamento, datado de 1593, que a mulher será afastada explicitamente de toda a função do Estado. A influência crescente do Direito Romano não tarda então a confinar a mulher no que foi sempre seu domínio privilegiado: os cuidados domésticos e a educação dos filhos. Até o momento em que isto também lhe será retirado por lei, porque, destaquemos, com o Código de Napoleão, ela já não é nem mesmo a senhora de seus próprios bens e desempenha, em sua casa, papel subalterno. Embora desde Montaigne até Jean-Jacques Rousseau sejam os homens que elaborem tratados sobre a educação, o primeiro tratado sobre educação, publicado em França, foi de uma mulher, Dhuoda, que o elaborou em versos latinos por volta de 841-843, para uso de seus filhos.

• Para o historiador da Idade média; a ideia de que foi necessária uma lei para dar a mulher direito de olhar pela educação de seus filhos é totalmente paradoxal olhando os tempos feudais. A comunidade conjugal, o pai a mãe, exerciam conjuntamente então a função de educação e da proteção dos filhos, assim como, eventualmente, a administração de seus bens. É verdade que então a família era concebida em um sentido mais amplo; esta educação causa infinitamente menos problemas, porque ela se faz no meio de um contexto Vital, de uma comunidade familiar mais abrangente e mais diversificado do que hoje, pois não está reduzida à célula inicial pai -mãe-criança, mas comporta também avós, colaterais, domésticos no sentido etimológico do termo. O que não impede que a criança tenha, eventualmente sua personalidade jurídica distinta; assim se ela herda bens próprios (legados, por exemplo, por um tio), estes são administrados pela comunidade familiar, que em seguida deverá dar-lhe contas.

• Poderíamos multiplicar muitos os exemplos, com pormenores fornecidos pela história do direito e dos costumes, atestando a degradação do lugar ocupado pela mulher entre os costumes feudais e o triunfo de uma legislação “à Romana”, que só veio tardiamente próximo a revolução francesa, da qual o nosso código ainda está impregnado. Seria melhor que, na época em que os moralistas queriam ver “a mulher em casa”, fosse mais indicado inverter a proposição e exigir que o lar fosse da mulher.

• A reação só chegou em nossos tempos. Entretanto, ela é muito decepcionante; tudo se passa como se a mulher, alucinada de satisfação pela ideia de ter penetrado no mundo masculino, continuasse incapaz da força da Imaginação suplementar, que lhe seria preciso, para levar a este mundo seu traço particular, precisamente aquele que faz falta à nossa sociedade. Basta-lhe imitar o homem, ser julgada capaz de exercer as mesmas funções, adotar os comportamentos e até os hábitos de vestir dos homens, sem mesmo se questionar sobre o que é realmente contestável e o que deveria ser Contestado. Se se perguntar se ela não está movida por uma admiração inconsciente, o que podemos considerar até excessivo, por um mundo masculino que ela acredita necessário e suficiente copiar com tanta exatidão quanto possível, seja perdendo ela própria sua identidade, o negando antecipadamente sua originalidade.

• Essas constatações levaram-nos bem longe do mundo feudal; elas podem, em todo caso, levar ao desejo que este mundo feudal seja um pouco mais bem conhecido dos que creem, de boa-fé, que a mulher “sai enfim da Idade Média”: elas têm muito que fazer para reencontrar o lugar que foi seu Nos Tempos da rainha Leonor ou da Rainha Branca…

• Bibliografia: Idade Média, o que não nos ensinaram; Régine Pernoud; A Idade Média, nascimento do Ocidente, Hilário Franco Júnior

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