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OS CRISTÃOS NO IMPÉRIO ROMANO

OS CRISTÃOS NO IMPÉRIO ROMANO

Além da infraestrutura Romana, também e principalmente a Judaica foi útil aos missionários cristãos da Igreja Primitiva: as comunidades das sinagogas da diáspora. Nas cidades do Império romano elas eram admitidas como collegia licita e gozavam de privilégios que, além do direito de reunião e da observância do descanso no sábado, principalmente se referiam à isenção de praticar cultos pagãos, principalmente o culto imperial. Uma vez que nos antigos sistemas de dominação a lealdade ao dominador de turno ou comunidade dominante era demonstrada pela participação no culto apoiado pelo Estado, as comunidades judaicas conseguiram realizar um verdadeiro portento: elas estavam isentas da comunhão de culto — sendo os judeus mesmo reconhecidos como cidadãos leais. Dentro das cidades gregas eles viviam como os outros, claramente identificáveis por sua abstinência de cultos pagãos, por um lado, é, por outro, por suas prescrições rituais (circuncisão, regras alimentares), pelas quais elas se distanciavam socialmente: Esse status foi o resultado da experiência secular (desde o exílio da Babilônia; (Jeremias 29,7) e de teimosa tática de negociação com os sucessivos dominadores. Os judeus regulamentavam sua relação com o ambiente e com a potência estatal dominadora de turno com base legal: por sua parte expressavam a lealdade, mediante oração pelos dominadores segundo o slogam: não sacrificar ao Imperador, mas por ele; conferir FILON, Legatio ad Gaium 357) —, podendo assim contar com sua simpatia e sua benevolência.

* Este Claro programa foi Riscado pelos missionários cristãos primitivos que renunciaram a circuncisão como porta e fronteira do judaísmo e, em parte (como Paulo), até mesmo pretendiam suprimir as visíveis mesas separadas por regras alimentares. Uma vez que com essa iniciativa se havia lesado sensivelmente o construto legal público que garantia aos judeus uma cultura própria e distinta no interior do império romano, sem que precisassem abdicar de seu monoteísmo, as comunidades judaicas se manifestaram com veemência contra esses desconstrutores presentes em suas próprias fileiras. As desordens de que se fala em Fontes romanas e neotestamentárias devem refletir exatamente esse conflito. O freio de emergência, que as comunidades judaicas acionaram para sua própria proteção, consistia em dar uma base legal também a relação com esses novos grupos, o que significava distanciar-se oficialmente deles, o que provavelmente ocorreu pela primeira vez em Antioquia. Graças ao Egito contra os judeus do Imperador Cláudio (49 D.C) temos conhecimento de conflitos semelhantes em Roma, e a polêmica de Paulo em 1 Tessalonicenses 2, 14-16 contra os judeus deve ter relação com uma reação local em tessalônica as medidas tomadas em Roma. A primeira impressão que magistrados tinham de grupos cristãos deve ter sido a de “provocadores de desordens” — uma perigosa classificação para a lógica romana, cuja meta mais alta era paz e Ordem no império. Essa classificação era perfeitamente adequada ao ídolo dos cristãos: como crucificado, Jesus estava estigmatizado como agitador. As medidas tomadas confundiram o fato de os cristãos o venerarem como “Cristo” com o nome de escravo “Cresto”, denominando o grupo simplesmente de “crestianos”, ou seja, bando de escravos (conferir, Suetônio, Vitae V 25,4). Não causa espanto que na perseguição de Nero (64 D. C) não tenha sido difícil atribuir-lhes a responsabilidade pelo incêndio de Roma (conferir, Tácito, Ann XV 44, 2-5).

Nos seus primeiros tempos, Como já vimos, o império ignora os cristãos; Juliano o apóstata, observará o fato com precisão. A vida, a doutrina e o drama de Jesus passaram completamente despercebidas aos contemporâneos. A pregação Apostólica não devia suscitar mais interesse em Roma do que suscitaria hoje na Europa ocidental a obscura propaganda de uns agitadores religiosos indígenas em Madagascar ou no Ceilão. Será preciso esperar pelo ano 102 para que um texto oficial — a carta de Plínio o jovem, a Trajano — fale dos cristãos, e peruano 116 parque tacito ao escrever os seus Anais, lhes consagre alguns parágrafos.

Assim, os cristãos acabaram entre dois fogos. Sem a proteção legal das Comunidades judaicas, seu distanciamento do culto estatal transformou-se em provocação que lhes acarretava perigo de vida. O teste sacrificar o diante de uma imagem do Imperador, estabelecido por Trajano diante de uma consulta de seu secretário de estado Plínio (Plínio X 96 s.), Correspondia a lógica Romana, transformando o nome cristão — em sentido de lealdade recusada — em delito capital (crimen maiestatis). O fato de Só poucos Mártires neotestamentários serem nominalmente conhecidos (Apocalipse 2,13) deve estar relacionada com a determinação de Trajano de que somente se investigasse acusações pessoais contra cristãos, e não as acusações anônimas — com a Clara intenção de evitar uma execução em massa.

Não muito diversa é a situação na terra de Israel, na região de domínio Judaico, mas pelos romanos. Também lá a aristocracia Judaica havia construído um considerável status Vivendi — com a ambição de aumentar ainda mais a autonomia. Os responsáveis judeus estavam sob permanente pressão de, por um lado, agir em colaboração com os romanos e, por outro lado, Como provar sua fidelidade à nacionalidade judaica. Os dois Mártires de Jerusalém, o Tiago filho de Zebedeu (43 D.C) e o Tiago irmão do Senhor (62 D.C) podem ter sido vítimas dessa situação de risco. Por causa de sua relação de confiança com o imperador Cláudio e por sua alegada intervenção para a elevação deste último ao posto de Imperador, Agripa I conseguiu tornar-se rei de todo Israel (41 a 44 D.C), como havia sido seu avô, Herodes Magno. Com a execução do filho de Zebedeu, ele, por um lado, agiu contra um grupo que, com sua esperança escatológica da aparição de Deus no templo estava atravancando sua tática de política real. Por outro lado, pela prática de do reconquistado Ius Gladio (direito de execução por espada) ele podia mobilizar o orgulho Nacional judaico (atos 12,1 – 5) — relacionando-o com sua própria pessoa. A execução do irmão do Senhor coloca-se no contexto da modificada situação política, pouco antes da guerra judaica (66-70D.C): no país organizavam-se grupos de resistência contra a dominação Romana, que havia voltado a se fazer sentir mediante um procurador. Agora era o sumo sacerdote judeu Ananus que, por um lado, não pretendia colocar em risco o status quo, Mas por outro lado estava pressionado a se legitimar diante daqueles que tinham por objetivo libertar o país dos Romanos, ele aproveitou um vácuo no poder romano, enganou a justiça capital Romana, ativando a pena nacional judaica, o apedrejamento, fazendo parecer um homem que estava em contato com grupos que na diáspora minavam a identidade Judaica mediante a missão livre da circuncisão.

Os dois pilares básicos do cristianismo, a mensagem escatológica de Jesus Cristo, que, com a visão do senhorio de Deus, é especialmente crítica em relação aos sistemas de dominação, e a investida do Círculo de Estevão, abandonando a circuncisão como marca de identidade judaica, colocaram os grupos cristãos em dificuldades tanto em relação ao judaísmo como em relação ao estado romano. Estava no ar a questão acerca do lugar próprio dos grupos cristãos, ou seja, a questão de sua identidade específica. Não causa espanto que internamente tenha havido luta pela Rota ao tomar. Entre as três direções que já haviam se tornando visíveis no incidente de Antioquia, venceu por fim a de São Paulo. A posição contrária, que insistia em mesas separadas e, com isso, em delimitações tipicamente judaicas também para os seguidores de Jesus, provocou tumulto nas comunidades Paulinas, mas não conseguiu, a longo prazo, afirma-se diante da corrente dominante do judaísmo. A posição intermediária, que de Jerusalém, foi tentada pelo decreto dos Apóstolos, só teve sucesso passageiro. Com a destruição de Jerusalém em 70 D.C. perdeu-se o centro geográfico e simbólico dessa posição e a ideia de Israel renovado, com a comunidade cristã como guarda avançada em Sião, perdeu sua Carga Explosiva. A obra de Lucas em dois volumes, em cuja área (provavelmente a província da Ásia) estavam em vigor as cláusulas de Tiago, Por isso mesmo desloca o verdadeiro templo para o céu (Atos 7, 44 – 55). As comunidades da área de influência de Mateus viu na destruição de Jerusalém um juízo sobre o povo que Jesus havia condenado (Mateus 22,7; 27,25). Nesse sentido, teria sido possível um novo início, mas só se procurou conquistar o povo simples, não as elites das sinagogas.

Afirmou-se a variante de São Paulo. Desvinculada do judaísmo, ela teve que encontrar modus vivendi Com o estado romano. Em romanos 13,1 – 7 encontram-se os primeiros vestígios disso. As epístolas pastorais levam essa linha adiante (Tito 3,1), apresentando as comunidades cristãs como casas honestas, na qual evidentemente também se reza pelos que dominam 1Timóteo 2,2, adaptando-se, com a exclusão da mulher da vida pública da Comunidade, à corrente dominante conservadora da Concepção Romana de sociedade.

Naturalmente também houve críticas veemente e em parte até subversiva a aproximação com o Estado Romano. O momento de crítica à dominação dá o Tom ao evangelho de Marcos. Aos Evangelhos do início de reinado dos flávios (69 D.C : conferir Josefo, Belkin Judaica. IV 618- 656) é contraposto o começo do Evangelho de Jesus Cristo Marcos 1,1 Jesus anuncia o início do senhorio de Deus Marcos 1,14 e deixa sua manifestação aparecer em suas obras de poder. A carreira para baixo de Jesus é estilizada como caminho de contraste à Ascensão dos Flávios. No seguimento de Jesus surge uma solidária anti sociedades em estruturas patriarcais de dominação Marcos 3,1 31-35; 10, 42-45. Em Lucas, ao contrário, a crítica resulta sublime: desmascara narrativamente o “salvador” Augusto, ao ressaltar tão somente sua política de impostos entre suas supostas inigualáveis obras em benefício da população Lucas 2, 1-14. Por outro lado, Lucas já esboço a visão de um tratamento justo para os cristãos Por parte dos tribunais romanos Atos 18, 12-17.

Mais incisiva de todas e certamente a crítica presente no Apocalipse. O aparelho estatal romano — certamente após experiências traumáticas sofridas já na Palestina pelos portadores da tradição — é comparado a um animal sem coração e imprevisível que, no fim das contas, é comandado por Satanás Apocalipse 13. Quem se deixa envolver por ele, que seja apenas pela participação (mesmo distanciada) no culto Imperial, corre o risco de por ele ser esmagado. É por causa dessas pessoas que o Apocalipse recorre a imagens tão drásticas. Trata-se do inimigo interno, de todos os que praticam o assim chamado “culto imperial leve”: os que participam das refeições das associações e das procissões das cidades para demonstrar sua lealdade o Imperador e ao Estado e, mediante essas relações, tirar proveito social e econômico, sem, Por sua parte, entrar em conflito com a fé no Deus único. Já nas comunidades Paulinas CD expressão a esse argumento de base para essa atitude: se os Ídolos são nada, é possível participar de seus cultos sem renegar a fé no Deus único 1Corinthians 8, 1- 4.

Nesse caso, certamente é muito cedo para se falar de Gnose. Mas em sua estrutura a questão já está ser esboçando: descrição política se alcança transformando a própria fé, em vista de seus pressupostos transcendentes, numa espécie de metareligião, enquanto a religião não tem mais laços de pertença a grupos externos, mas é entendida como caminho privado de salvação. O esquema de pensamentos aparece com mais clareza no círculo da comunidade de São João e das epístolas pastorais. Num caso, trata-se da rejeição da cristologia docetista 1joão 4, 2; 2 João 7, no outro da responsabilidade pela bondade da criação 1 Timóteo 4, 1-4; Se Jesus for estilizado como salvador Celeste que possui um corpo tão só aparente, cujo dublê é crucificado, estará criado o paradigma para elevar-se a si próprio acima daqueles que, em testemunho de sua fé, assumem o martírio. Se o mundo e a criação forem vistos apenas como um acidente e a verdade realmente almejável por vista no retorno ao Reino de Luz, perdeu seu sentido determinadas questões como, por exemplo, a participação em festividades de culto Pagão.

Na história do cristianismo primitivo até cerca de 150 D.C. já se esboçam as linhas que se comprovaram como indicadores de caminhão e foram documentadas no Cânon. Em quantos grupos cristãos desenvolviam diferenciadas práticas de distanciamento ou acomodação em relação ao Judaísmo e ao império romano, estabelecia uma clara linha divisão diante da Tentação de gnóstica. Tudo podia encontrar seu lugar no Cânon, só não o desprezo pela criação, nem o questionamento da plano humanidade de Jesus até a sua morte. Não se aceitou a atitude de privatização religiosa, nem o retorno a uma religião racional, que abdica do confronto com outras linhas e da ligação com determinados grupos sociais e respectivas responsabilidades. Embora em relação ao judaísmo CTN eliminando as marcas de identidade estruturais, circuncisão e regras alimentares, em seu lugar se tenha estabelecido um rito próprio, bem mais discreto e sociável, o batismo, permaneceu como base da comunidade a posição fundamental do judaísmo: a visão do histórico-teológica, ou seja, de que o Deus único não só criou o mundo em estado bom, mas demonstra e continuaram a manifestar sua ação na história e nas estruturas do mundo material. Enquanto Paulo via suas comunidades etno-cristãs como Ramos bravios enxertados na Nobre videira que é Israel e tinha lutado teologicamente pela salvação de Israel (Romanos 9 – 11), duas gerações mais tarde Israel foi teologicamente deserdado (epístola de Barnabé), sendo a identidade Cristã definida a partir da destituição do judaísmo (Marcião). Mais uma vez foi o cânon bipartido que esclareceu a questão: a herança veterotestamentária permaneceu como base do cristianismo ortodoxo. Em relação ao império romano, as posições demonstraram ser irreconciliáveis (monoteísmo, Isto é, abstenção de culto Pagão), mas estruturalmente os cristãos estavam dispostos adaptar-se para conseguir reconhecimento. As epístolas pastorais já haviam remodelado adequadamente a casa da Comunidade cristão; apesar da rejeição e da discriminação por parte do mundo Pagão, 1 Pedro recomenda a submissão irrestrita ao Imperador e ao governador da cidade. Os cristãos — embora vivam como estrangeiros neste mundo — devem, em razão de sua prática de fé, dar provas de ser os melhores romanos, atraindo com isso para se a simpatia (2,11-17). Apesar desses esforços, continuou a persistir a insegurança legal fundamental das Comunidades cristãs. Somente sobre Constantino Magno a questão foi esclarecida (313 D.C.). Diferentemente das comunidades judaicas da diáspora, que se valiam do reconhecimento legal por parte do Estado Romano para, por meio do culto do Deus único e da prática de uma cultura própria, se isoolar da sociedade romana, os grupos cristãos, mediante o reconhecimento de sua religião, deixar um ser integrar nas estruturas imperiais: o Deus dos cristãos tornou-se o Deus do império, de início até mesmo ao lado de deuses pagãos imperiais, mas que aos poucos foram sendo deixados de lado, e acabaram sucumbindo a mensagem do evangelho, os chefes de suas comunidades tornaram-se funcionários do Estado. Somente no Cânon os escritos de resistência — Apocalipse Marcos, Lucas — continuaram a ser um aguilhão na carne.

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