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Resposta aos argumentos dos ministros [protestantes] segue a tradução do Artigo 4° de controvérsias

Não pude, todavia, encontrar em vossos ministros mais do que duas objeções a este discurso que acabo de fazer, uma delas retirada do exemplo de Nosso Senhor e dos Apóstolos, e a outra, do exemplo dos Profetas.

Porém, quanto à primeira, dizei-me – eu vos peço: vos parece bem que se compare a vocação desse novos ministros com a de Nosso Senhor? Nosso Senhor não foi profetizado na qualidade de Messias? Seu tempo não foi determinado por Daniel (9,24.26)? Ele executou alguma ação que não tenha sido quase que particularmente consignada nos livros dos Profetas e figurada nos Patriarcas? Fez alguma mudança, do bom para o melhor, na Lei Mosaica, mas esta mudança não havia sido predita (cf. Ageu 2,10)? Por consequência, transformou o sacerdócio aarônico no de Melquisedec, este muito melhor que aquele, mas tudo isso não foi de acordo com os antigos testemunhos (cf. Hebreus 5,6)?

Vossos ministros não foram profetizados na qualidade de pregadores da Palavra de Deus, nem do tempo de sua vinda, nem nenhuma de suas ações; promoveram eles um transtorno na Igreja muito maior e mais radical que aquele que Nosso Senhor fez na Sinagoga, já que suprimiram tudo, sem colocar em seu lugar algo mais que algumas sombras e, ainda assim, sem que possa apresentar nenhum testemunho que lhes autorizem a fazer isso. Pelo menos não deveriam se eximor de fazer milagres para justificarem tal mutação [na Igreja], por mais que querais eximí-los disso com textos citados da Escritura, uma vez que Nosso Senhor não se eximiu de fazê-los, como restou demonstrado mais acima (ver Capítulo 1, Artigo 3º), ainda que as alterações que fez tenham sua origem na mais pura fonte das Escrituras (cf. Lucas 1,70). Contudo, onde eles me apontarão que a Igreja alguma vez recebeu outra forma ou reforma além daquela feita por Nosso Senhor?

E quanto aos Profetas, eu sinto a falta de ver que sobre eles não há poucos [protestantes] enganados.

Primeiro, porque imagina-se que todas as vocações dos Profetas foram extraordinárias e imediatas, o que é falzo, pois houve colégios e congregações de Profetas reconhecidos e autorizados pela Sinagoga, como se pode ver em muitas passagens da Sagrada Escritura: havia em Ramata, em Betel, em Jericó – onde habitava Eliseu -, na montanha de Efraim, na Samaria. Eliseu mesmo foi ungido por Heli; a vocação de Samuel foi reconhecida e autorizada pelo sumo sacerdote e em Samuel “o Senhor voltou a aparecer em Silo”, como diz a Escritura (1Samuel 3,21), o que deu causa ao juderem terem Samuel por fundador das congregações proféticas (Geneb.Chron. 1,1,ano 3066).

Alguns pensam que aqueles que profetizavam exerciam [também] o cargo da pregação; isto não é exato, como consta a respeito dos tenentes de Saul e do próprio Saul (1Samuel 29,20ss). Daí se deduz que a vocação dos Profetas não serve para os fins que [nos apontam] os hereges e cismáticos, porque:

1º) Ou a daqueles era ordinária – como mais acima demonstramos – ou, depois de tudo, aprovada pela Sinagoga, como facilmente se comprova pelo fato de terem sido ‘in continenti’ reconhecidos, e deles se fazer menção em todas as partes pelos judeus, chamando-os ‘homens de Deus’ (1Reis 17,18). Quem quer que leia com atenção a história desta antiga Sinagoga, verá que o ofício de Profeta era tão comum entre eles, assim como entre nós [é comum] o de pregador.

Jamais nos será apresentado um Profeta que quisesse derrubar o poder ordinário; pelo contrário, todos o obedeciam e nada diziam que fosse contrário à doutrina daqueles que ocupavam a cátedra mosaica e aarônica. Ademais, muitos deles pertenceram à raça sacerdotal, como Jeremias, filho de Hilquias (cf. Jeremias 1,1) e Ezequiel, filho de Buzi (cf. Ezequiel 1,3). Todos eles sempre falaram com respeito dos Pontífices e de sua sucessão sacerdotal, ainda que às vezes repreendessem os seus vícios. Querendo Isaías escrever em um grande livro o que lhe foi mostrado, pediu a Urias, sacerdote, e a Zacarias, profeta, que lhe servissem de testemunhas (cf. Isaías 7,2), como se quisesse receber o testemunho de todos os sacerdotes e profetas. E por acaso Malaquias não testemunhou que “os lábios do sacerdote guardam a ciência e pedirão a Lei de sua boca, pois é o anjo do Senhor dos exércitos” (Malaquias 2,7)?

Tudo isto demonstra que jamais os Profetas subtraíram os judeus da comunhão do ordinário.

2º) E quantos milagres os Profetas não fizeram para confirmar sua vocação? Eu jamais terminaria se pretendesse enumerá-los; basta fazer constar que sempre que fizeram algo que tivesse aspectos de extraordinário, foram imediatamente apoiados por algum milagre. Elias testemunha que, al levantar um altar no Carmelo, segundo a inspiração que recebeu do Espírito Santo, mostrou, por meio de um milagre, que o fazia em honra de Deus e da religião judaica (1Reis 18,32.35).

3º) E, por último, seria o cúmulo da vã presunção que os vossos ministros quisessem usurpar o poder dos Profetas! Eles que jamais tiveram de tais nem o dom nem a inspiração! Muito melhor poderíamos nós apresentar as inumeráveis profecias dos nossos (=católicos), como por exemplo: a do São Gregório Taumaturgo, acerca de São Basílio (I de Espiritu Santo, fol. 74); de Santo Antonio, testemunhado por Atanásio (In eius vita, fol. 86); do abade João, testemunhado por Santo Agostinho (De Civit. Dei, 5,26); de São Bento, São Bernardo, São Francisco e mil outros.

Portanto, se se tratar da autoridade profética entre nós e vós, restará que reside em nós, da mesma forma que a ordinária e a extraordinária, porque acerca disso temos grande número de testemunhos; porém, não em vossos ministros, que jamais apresentaram dela nenhum só átomo de prova, exceto que queiram chamar de profecias à visão de Zwínglio, ao livro inscrito ‘Subsidium de Eucharistia’ e ao intitulado ‘Querela Lutheri’, ou à pregação que fez no ano 25 do presente século (Cocleu in actis Lut., Serm. De San. Elect.), quando predisse que dentro de dois anos não haveria nem Papa, nem Sacerdotes, nem Freis, nem campanários, nem Missa; mas nessa profecia não há como não enxergar uma só coisa: a falta da verdade, pois isso o predisse há cerca de 20 anos e todavia continua havendo Sacerdotes e campanários; e na cátedra de São Pedro encontra-se sentado um Papa legítimo.

Vossos primeiros ministros, senhores, pertencem, portanto, ao número dos profetas a quem Deus proibia que se lhes ouvisse, conforme esta passagem de Jeremias: “Não queirais ouvir as palavras dos profetas que vos profetizam e vos enganam; eles falam a visão de seu coração e não da boca doSenhor. Eu não enviava esses profetas e eles percorriam; Eu não lhes falava e eles profetizavam” (Jeremias 23,16.21). “Ouvi o que os profetas disseram, profetizando em meu Nome a mentira e dizendo: eu sonhei, eu sonhei” (Jeremias 23,25). Não vos parece que assim são Lutero e Zwínglio, com suas profecias e visões? Ou Carlostadio, com a revelação que dizia (In lib. De abresu antichr.) ter tido para a sua “ceia”, que motivou Lutero a escrever seu livro “Contra coelestes prophetas”? Deles, pelo menos, podemos dizer que tinham a condição de não terem sido enviados; eles são os “que tomam sua línguas e dizem: o Senhor disse” (Jeremias 23,31), pois jamais souberam apresentar uma prova do cargo que usurpam, nem puderam mostrar qualquer vocação legítima. Como, pois, querem pregar? (ver Capítulo 1, Artigo 1º, acima).

Ninguém pode se alistar no exército de nenhum capitão sem a autorização do príncipe; como, pois, estivestes tão prontos para vos comprometer sob a direção desses primeiros ministros [protestantes] sem a licença de vossos pastores ordinários; e, mais ainda, para sair do estado em que nascestes e fostes alimentados, que é a Igreja Católica? Eles são culpáveis de terem feito de sua própria autoridade esta leva e, vós, de ter-lhes seguido; logo, sois inexcusáveis. O bom menino Samuel, humilde, dócil e santo, tendo sido três vezes chamado por Deus, pensou sempre que foi Heli que o chamava e somente na quarta vez é que se dirigiu a Deus, dando-se por chamado (cf. 1Samuel 3,4-10).

A vossos ministros, pelo contrário, lhes pareceu que Deus os chamou três vezes: primeira, pelo povo e pelos magistrados [civis]; segunda, por nossos Bispos; terceira, por voz extraordinária. Não, não! Agora, ensinados pela Igreja, devem reconhecer que a sua [vocação] é uma vocação humana e que as suas orelhas zuniam o seu velho Adão e [agora devem] se remeter àquele que, como Heli, preside hoje a Igreja (=o Papa).

Eis aqui a primeira razão que torna vossos ministros – e a vós também, ainda que em grau diferente – inexcusáveis perante Deus e os homens, por terem abandonado a Igreja.

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