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SIMÃO, O MAGO, O PAI DAS HERESIAS GNÓSTICAS


SIMÃO, O MAGO, O PAI DAS HERESIAS GNÓSTICAS

Para quem não tem nenhum conhecimento do que se trata a gnose, temos um exemplo em nossos tempos, que é a maçonaria e outras doutrinas filosóficas-teologicas como o perenialismo, vamos por enquanto conhecer o pai terreno de todas essas heresias.

Foi em Samaria, enquanto S. Filipe ali pregava, que apareceu o primeiro heresiarca, Simão, o Mago, natural de Gita, em Samaria, e tão célebre pelos seus prodigios que o intitulavam a Virtude de Deus. Não obstante isso, não pôde resistir ao santo diácono e, mostrando-se movido das suas pregações, pediu e recebeu o batismo. Quando os dois Apóstolos, vindos de Jerusalém para confirmar na fé os samaritanos, impuseram-lhes as mãos, Simão admirou-se de ver o Espirito Santo descer sobre os Apóstolos e manifestar-se de um modo sensível por meio do dom das linguas e dos outros milagres. Esse maravilhoso espetáculo excitou-lhe inveja, e, para obter o poder de obrar os mesmos prodigios em seu proveito, ofereceu-lhes dinheiro. Queria ser bispo de Samaria a fim de aumentar a sua influéncia sobre o povo vivamente impressionado com a pregação e com os milagres dos Apóstolos. “O teu dinheiro pereça contigo, disse-lhe Pedro, cheio de santa indignação, uma vez que tu te persuadiste de que o dom de Deus se podia adquirir com dinheiro. Tu não tens parte alguma neste ministerio, porque o teu coração não é reto diante de Deus”; e exortou-o a que fizesse penitência. O novo apóstata estava longe de sentir arrependimento, por isso, em lugar de fazer o que S. Pedro lhe recomendava, procurou tirar proveito da revelação e fez-se inimigo dos Apóstolos. Opôs à sua divina doutrina uma ambiciosa e absurda síntese, em que, segundo Receveur e Darras, se achava o gérmen de todas as heresias, que afligiram a Igreja durante muitos séculos.




Espalhou, sobretudo, a doutrina dos éons, espécie de entes gerados uns dos outros, cuja primeira classe, emanada do próprio Deus, era inteiramente celeste e cuja última se referia ao mundo material. Esse sistema, que Valentim desenvolveu mais tarde, formou a base dos gnósticos e dos panteistas alexandrinos. O próprio Simão se intitulava o primeiro dos éons e só colocava o Verbo na quinta classe, preludiando com isso o arianismo. Segundo ele, a matéria era eterna, inimiga de Deus, e atribuía a sua ordem atual aos maus anjos. Explicava assim a origem do mal pelos principios, que desenvolveram depois os maniqueus. A descoberta do manuscrito dos philosophumena mostrou ainda mais claramente o vasto sistema gnóstico, organizado pelo patriarca da heresia.


Quanta à moral, Simão negava toda distinção entre o bem e o mal. Segundo ele os atos não são bons nem maus, os vínculos do matrimônio são uma superstição, a família é uma instituição perversa; todas as suas leis emanaram dos maus anjos. Por isso os discípulos do mago de Gita viviam na mais grosseira devassidão; e ele mesmo levava consigo por toda parte uma mulher chamada Helena, que ele tinha comprado em um prostíbulo e a respeito da qual dizia milhares de sandices. A vergonha do crime, que ele propôs a S. Pedro, esta ligada para sempre a sua memória, e, depois de passados vinte e um séculos, designa-se ainda com o nome de simonia o trafico das coisas espirituais e santas. A arte e as operações mágicas de Simão, reveladas pelos philosophumena, oferecem muita semelhanga com o espiritismo atual e com as tenebrosas evocações dos tempos modemos.


Por esse tempo, suscitou o inferno outro inimigo aos Apóstolos: é Apolônio de Tiana, nascido alguns anos antes de Jesus Cristo. Ele nao tinha doutrina nova e particular. Adotou o sistema de Pitágoras, cujo misticismo exaltado convinha perfeitamente ao seu espírito entusiasta. Fez-se passar por amigo dos deuses e protegeu o culto popular dos ídolos. Dotado de um génio superior, de uma memória sem exemplo, hábil em todas as ciências e artes da Grécia, casto ao menos na aparência, tinha, além disso, uma estatura majestosa e como sobre-humana, uma presença tão cheia de dignidade e um rosto tao formoso que lhe atraía os povos. Conhecendo que a linguagem empática e o entoo costumado dos filósofos, longe de lhes granjear estima e valimento, fazia-os quase sempre ridiculos, exprimia-se de um modo claro e simples, que cativava os corações, conseguindo assim que o recebessem em toda parte com extraordinárias honras e que algumas cidades solicitassem a sua amizade. Nunca o paganismo teve talvez apóstolo mais sedutor.


Até lhe atribuíram atos sobre-humanos. Campeão da idolatria, não seria para admirar que o demônio o protegesse. No combate supremo da verdade com o erro, Satanás, diz Mons. Freppel, reunia todas as suas forças para contrastar com os seus artifícios os efeitos da verdade. Porém esses fatos estão longe de ser certos, porque foram registrados por Damis, de Nínive, seu discípulo e amigo, a quem o filósofo Luciano chama aventureiro indigno de crédito e da menor consideração. O escrito de Damis nem mesmo jé existe, e só dele nos restam alguns fragmentos alterados e ideias vagas, que coligiu, passados mais de cem anos, o sofista Filostrato, “o mais mentiroso dos homens depois de Voltaire”, diz Nonote. Ainda assim Filostrato não fez essa coleção senão para comprazer com a imperatriz Júlia, esposa do imperador Sétimo Severo, de costumes dissolutos, amiga do maravilhoso e inimiga do cristianismo. Além disso, esses fatos extraordinários, tais como Filostrato os narra, não excedem, em rigor, os limites da força e destreza humanas. O mais notável de todos é, sem contradição, a suposta ressurreição de uma moça cujo saimento Apolônio encontrou nas ruas de Roma. Mas o proprio Filostrato não ousa afirmar que ela estivesse morta; o seu rosto achava-se ainda tépido, e caia então orvalho, que pôde reanimá-la. É deste modo que os mesmos admiradores de Apolônio referiram esse suposto milagre. Ademais, diz Rohrbacher, a narração de Filostrato é cheia de tantos contos pueris e ridículos que ele próprio se priva de todo o crédito, e refutá-los seriamente seria perder tempo e ofender o bom senso dos leitores. Assim o entenderam entre os antigos: Lactâncio, Eusébio, S. João Crisóstomo, Santo Agostinho, Fócio, Suídas; e entre os modemos: Ellies Dupin, Scaliger, Vosso, Casaubon, Baur, etc.



(O principal dogma da filosofia de Pitágoras era a metempsicose tomada dos egípcios ou brâmanes. A alma do homem era uma parte da suprema inteligência, da qua a sua uniao com o corpo a conservava separada, e que se lhe reunia quando se desprendia de todo afeto às coisas temporais).

Padre RIVAUX, Tratado da história eclesiástica, 1876, Brasília: Editora Pinus, 2011.

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