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UMA NOVA ÉTICA GLOBAL

UMA NOVA ÉTICA GLOBAL

A normatização do aborto e eutanásia

Eu venho há muito tempo tentando entender como a nova ordem mundial poderia mudar a ética e a moral. Li, faz alguns anos, sobre a ética global de Hans Küng. Na época, eu não dei muita atenção, pois esse plano tem por objetivo criar uma nova ética global, que acabará por ser obrigatória para todos nós.

A primeira etapa seria criar uma nova religião, pois assim haverá a necessidade de uma nova ética. Pra quem não conhece, o idealizador é um teólogo católico ecumenista, que em 1979 foi punido pelo Papa por seus ensinamentos não-ortodoxos. Desde 1993, a ética global vem sendo amplamente aceita pelo movimento inter-religioso internacional.

A Ética Global declara: “Já existe um consenso entre as religiões que pode servir de base para uma ética global – um consenso fundamental mínimo a respeito de valores obrigatórios, critérios irrevogáveis e atitudes morais fundamentais” (Towards a Global Ethic: An Initial Declaration”, in Joel Beversluis, ed., Sourcebook of the World’s Religions: An Interfaith Guide to Religion and Spirituality, New World Library, 2000, pp. 175-176). Este grupo afirma que “os princípios expressados nessa ética global podem ser afirmados por todas as pessoas que têm convicções éticas, quer estas convicções tenham ou não base religiosa” (ibid,176). E acrescenta: “Os direitos não podem durar muito tempo se não houver uma moralidade” (p. 176-177).

“(…) porque os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes” (Lucas 16, 8). A perspicácia dos globalistas fica evidente. “Uma pessoa humana é infinitamente preciosa e deve ser incondicionalmente protegida“ Contudo, Küng disse a respeito de sua “Etica” que “tal Declaração deve ser CAPAZ DE PRODUZIR UM CONSENSO. Portanto, deve-se evitar palavras que seriam rejeitadas a priori por alguma das grandes religiões e , consequentemente, questões morais controversas “como aborto e eutanásia tiveram de ser excluidas”. Percebe-se que, sob a nova ética, para muitos, vidas “incondicionalmente protegidas” não incluem crianças indesejadas nos úteros de suas mães. Portanto , procuram apenas mudar as palavras e a forma de abordar temas como aborto e eutanásia. Dessa forma , aqueles que são tentados a extinguir as suas vidas, persuadidos com o discurso de escapar do sofrimento, são “inocentados” por essas duas brechas na “Ética”. Assim, mascarando a forma de abordagem, mas mantendo as intenções nefastas, os abortistas e os doutores do suicídio podem, sem problemas, dar continuidade às suas práticas mortais na Nova Ordem Mundial.

O Cardeal Arinze alerta contra a criação, por parte de líderes religiosos, de tais brechas éticas: “Se quisermos a paz, devemos defender a vida (…) As religiões lançarão um alicerce necessário para a paz se ensinarem que a vida humana deve ser respeitada em cada momento de sua existência, desde a concepção até a sua morte natural” (Arinze, Religions for peace). Com a linguagem vaga e pretensiosa que utilizam, os criadores da nova ética preservam uma grande flexibilidade para si mesmos. Não são restritos pelas escrituras ou tradições de nenhuma religião específica e tampouco são restritos pelos precedentes e proteções de natureza jurídica que os americanos (e outros povos de nações com tradição de um governo limitado e constitucional) até aqui deram por garantidos.

Muitas outras questões sobre a aplicação da ética global permanecem em aberto. O uso “das posses sem preocupar-se com as necessidades da sociedade” significa uma oposição aos aumentos de imposto, novas regulações ou confisco governamental da propriedade privada? Quem é que define as “necessidades da sociedade” no que diz respeito ao uso da propriedade e da renda – proprietários ou legisladores, os contribuintes ou os coletores de impostos?

Quem é que define “racismo”? Racismo inclui fazer oposição às políticas de imigração livre, às cotas raciais de “ação afirmativa”? Racismo inclui o apoio ao sionismo (que a Assembleia Geral da ONU declarou em 1975 tratar-se de uma forma de racismo”)? O patriotismo, ou mesmo um desejo pela soberania nacional, é incluído na proibição feita ao “nacionalismo”? As condenações do “sexismo” e do “patriarcado” significam que os cristãos tradicionais devem aceitar a ordenação das mulheres e o aborto? Os judeus ortodoxos serão obrigados a aceitar que mulheres se tornem rabinas? O evangelismo cristão e a pregação ortodoxa serão banidos por meio do argumento de que são exemplos de “fanatismo e intolerância?

Um apoiador liberal do diálogo inter-religioso critica as pressuposições ocidentais modernas que estão na base da ética global:

Alguns de seus proponentes pressupõem com facilidade demais que se deve aceitar a autoridade de organizações seculares internacionais ou trabalhar com elas. O ex-presidente do Irã, Ali Khamenei, declarou: “Quando queremos descobrir o que é certo e o que é errado, não procuramos as Nações Unidas; nós vamos ao Coração Sagrado”. Ele prosseguiu, em termos mais fortes: “Para nós, a Declaração Universal dos Direitos Humanos não passa de uma coletânea de baboseiras feita por discípulos de Satã”. Essa está longe de ser a única perspectiva do islã contemporâneo sobre ética, paz e direitos humanos. Contudo os proponentes de uma ética global precisam compreender e lidar com o impulsos que levam muitas pessoas religiosas a dizer tais coisas e acreditar nelas; ou então condenarão seu importante projeto ao reino da irrelevância “sentimentalóide” e banal (…) Um outro problema da criação de uma ética global poderia ser que ela se torne o equivalente ético da pauta teológica pluralista, construindo uma pauta que não apenas usa termos gerais e ingênuos demais como também peca em não levar a sério as raízes das questões. ( Martin Forward, inter-religious dialogue: p. 60-61).

A Igreja Católica advertiu fortemente contra tais esforços para se criar uma nova ética global utópica, divorciada da tradição e dos ensinamentos cristãos. Em Mit Brennender Sorge, a encíclica publicada contra o nazismo em 1937, o Papa Pio XI alertou que uma nova moralidade sem base na fé cristã não poderia funcionar:

“É na fé em Deus, mantida pura e sem máculas, que se baseia a moralidade do homem. Todos os esforços para remover de sob a moralidade e a ordem moral o alicerce de granito da fé, e de colocar no lugar dele as areias movediças das regulações humanas, cedo ou tarde levam esses indivíduos ou sociedades à degradação moral, O tolo que disse em seu coração não há Deus vai diretamente para a corrupção moral (SI 13, 1), e a quantidade desses tolos que hoje buscam separar a moralidade da religião é legião. Eles ou não veem, ou se recusam a ver, que banir o cristianismo confessional, não ver a noção clara e precisa do cristianismo, da instrução e da educação, da organização da vida social e política, resulta em degradação e espoliação espiritual (…) Entregar a lei moral à opinião subjetiva do homem, que flutua com o tempo, em vez de ancorá-la na santa vontade do Deus terno e de Seus mandamentos, é o mesmo que escancarar todas as portas para que entrem as forças da destruição. O resultado disso, o abandono dos princípios eternos de uma moralidade objetiva, que educam a consciência e enobrecem cada departamento e cada organização da vida, é um pecado contra o destino de uma nação, um pecado cujo amargo fruto envenena as gerações futuras.”

Na encíclica Summi Pontificatus, publicada em 1939, Papa Pio XII dizia: “Talvez muitos, ao abandonar os ensinamentos de Cristo, não tivessem plena consciência de se haverem extraviado por uma miragem de discursos deslumbrantes que proclamavam tal afastamento como uma fuga da escravidão em que antes se encontravam; tampouco divisaram no momento a amargas consequências que adviriam de trocar a verdade que liberta pelo erro que escraviza. Eles não perceberam que, ao renunciar às leis de Deus, infinitamente sábias e paternais, e às doutrinas do amor de Cristo, que elevam e unificam, estavam se resignando aos caprichos de uma pobre e inconstante sabedoria humana. Falavam de progresso no momento em que regrediam; de ser elevados, enquanto rastejavam; de atingir a condição de homens, quando dobravam-se em servilismo. Não perceberam a impotência de todo o esforço humano para substituir a lei de Cristo por qualquer coisa que lhe equivalesse; desvaneceram-se nos seus pensamentos”. (Rm 1, 21)

Pio XII também adverte: “aqueles que divorciarem a autoridade civil de toda e qualquer dependência do Ser Supremo irão conceder à autoridade civil um campo irrestrito de ação, que ficará à mercê das móveis marés da vontade humana, ou dos ditames de demandas históricas fortuitas, e dos interesses de uns poucos. Quando a autoridade de Deus e o poder de Sua lei forem negados dessa maneira, a autoridade civil tenderá inevitavelmente a atribuir a si mesma aquela autonomia absoluta que pertence exclusivamente ao Criador Supremo. Ela se coloca no lugar do Todo-Poderoso e eleva o Estado ou o grupo ao fim último da vida, o critério supremo da ordem moral e jurídica, e portanto proíbe todo e qualquer recurso a princípios da razão natural e da consciência cristã.”

Esse perigo totalitário continua a existir, já que, por exemplo, proponentes famosos da Carta da Terra dizem que “a proteção da Biosfera, como algo do interesse comum da humanidade, não deve ser subserviente às regras da soberania nacional, às exigências do livre mercado ou a direitos individuais. A ideia de uma soberania global deve ser baseada numa mudança de valores que reconheça esse interesse comum”.

Respondendo aos que “falam de um código de conduta compartilhado, de uma moralidade baseada no consenso e em critérios éticos de aceitação geral”, o Cardeal Arinze alertou: “As normas éticas são construídas sobre sistemas de crença e são nutridas e revigoradas por uma religião que também se sustenta por meio de celebrações rituais. A proposta de normas éticas baseadas na religião que não é de ninguém não pode ajudar qualquer pessoa a atravessar a longa e árdua peregrinação da vida. De fato, isso cheira a secularismo, que ignora e marginaliza todas as religiões, ou no mínimo vê a religião como um assunto pessoal e particular, que não deve ser discutido em público. (Arinze, Religions for peace, p.130-131)

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